Trabalhadores e comerciantes da cidade de Aguiarnópolis enfrentam as consequências econômicas do desabamento da ponte entre o Tocantins e o Maranhão. Desde que o tráfego no trecho da BR-226 foi interrompido, o movimento na cidade diminuiu e as vendas caíram.
A ponte JK, que liga as cidades de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), desabou no dia 22 de dezembro de 2024. Segundo a Marinha, até o dia 1º de janeiro, 12 óbitos foram confirmados, cinco pessoas continuam desaparecidas, e um homem foi resgatado com vida (veja quem são as vítimas abaixo).
O trecho em Aguiarnópolis integra o corredor rodoviário Belém-Brasília, por onde passavam diariamente carretas com produção de grãos e animais de corte. Atividades ligadas ao transporte foram as mais afetadas, incluindo postos de combustíveis. Desde o desabamento da ponte, as vendas reduziram de 70 mil litros de combustível para menos de 10 mil por dia.
“Hoje basicamente a gente atende prefeitura, os moradores da cidade e alguns moradores da região, então é uma situação bem complicada, né. Consequentemente o quadro também foi reduzido e tem uma turma de aviso [prévio] também, que foi a primeira medida tomada depois dessa situação, dando um total de 25% do quadro”, diz o gerente do posto, Thiago Silva Barros.
A consequência da economia paralisada se repete por toda cidade. O empresário Paulo Roberto Dias Campos é proprietário de uma transportadora com 15 caminhões. Desde o acidente, todos os veículos estão parados.
“Eles deveriam estar rodando, mas nós estamos aqui ainda fazendo estudo de rotas e entendendo como a gente vai poder funcionar. Nós ainda estamos nessa situação muito indefinida. Motoristas, parte equipe de manutenção, administrativo da empresa, toda ela ainda está nessa situação”, comentou.
Posto de Combustível vazio após queda da ponte entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA) — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Preocupação também para os pequenos negócios. Jesus Nazareno Rodrigues Rêgo é proprietário de uma borracharia. Ele confessou estar preocupado por não saber se vai conseguir manter os funcionários.
“Afetou a nossa gente né? A gente depende. Nós temos amigos e trabalhadores também, eles dependem da gente. Depende do salário. Como que vai ficar?”, perguntou, emocionado.
Borracharia em Aguiarnópolis perde clientes após queda da ponte entre Tocantins e Maranhão — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Balsa não tem data para começar
Além do comércio local, quem costumava utilizar a rota que passa por Aguiarnópolis também enfrenta dificuldades com os desvios. O mais próximo fica em Tocantinópolis, a 30 km do local do acidente. O tempo de espera para atravessar na balsa, que liga o município a Porto Franco (MA), chega a cinco horas.
“É muito transtorno, porque atrasa viagem mais de cinco horas, o desvio aí, chega aqui essa fila imensa aí na balsa. Vamos ver se o poder público vai dar uma atenção melhor porque prejudica muita gente, né?”, reclama o caminhoneiro Erasmo Antônio Araújo Silva.
Carros formam fila para entrar em balsa entre Tocantinópolis (TO) e Porto Franco (MA) — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
O governo do Tocantins chegou a anunciar data para o início da operação de uma balsa entre Aguiarnópolis e Estreito duas vezes, mas houve atrasos na construção dos acessos ao rio e na liberação de documentos.
A empresa de balsas Pipes Navegações também divulgou um cronograma de início do serviço, mas os trabalhos ainda não começaram. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) confirmou que vai custear a balsa e que os moradores não terão que pagar tarifa, mas não há prazo para o serviço começar a funcionar.
Por Ana Paula Rehbein e Brenda Santos, g1 Tocantins, TV Anhanguera.