Com a curva de juros básica em tendência de alta, o governo já vislumbra dificuldades na formatação do novo Plano Safra. Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano, com perspectiva de aumentar para 14,25% já no próximo mês. Diferente do ano passado, em que a taxa estava em 10,25% no lançamento da política de crédito rural 2024/2025.
“Considerando a Selic atual, a gente está sim com uma pressão muito maior e nós estamos buscando soluções”, afirmou o subsecretário de de Política Agrícola e Negócios Agroambientais do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt. Questionado sobre possíveis soluções para o desafio, ele ponderou que “qualquer alternativa seria especulação”.
O atual Plano Safra tem R$ 400,59 bilhões previstos para a agricultura empresarial e R$ 76 bilhões para a agricultura familiar.
O integrante da equipe econômica ainda pontuou a necessidade de ajuda de parlamentares para aprovação de um orçamento da União que ajude na composição do Plano Safra 2025/2026. “Estamos buscando soluções. Vamos precisar de apoio, com certeza, do Congresso para que a gente chegue num resultado, mas esse é o processo, esse é o nosso trabalho, esse é o nosso desafio”, afirmou.
As explicações foram dadas durante uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 14, para apresentar o Desenrola Rural. O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, também falou sobre o impacto dos juros no próximo Plano Safra da Agricultura Familiar.
“Eu espero que nós tenhamos para o Plano Safra seguinte o mesmo patamar que nós tivemos para equalização. Isto é, se nós tivermos o mesmo patamar, nós vamos ofertar créditos generosos como nós estamos ofertando agora”, disse. Ele ainda enfatizou que o foco será em linhas que visem a aumentar a produção dos produtos da cesta básica.
Pronaf deve ganhar mais recursos no atual Plano Safra
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) deve ganhar reforço nessa reta final do Plano Safra 2024/2025. Segundo o subsecretário de Política Agrícola, essa é uma das modalidades em que a procura tem sido expressiva. Para atender a essa demanda, o governo não cogita suplementar, mas sim realocar recursos de outras linhas.
“A primeira discussão em relação à suplementação é buscar realocação, porque estamos trabalhando dentro das disponibilidades orçamentárias”, afirmou Bittencourt. Na semana passada, a Fazenda se reuniu com as 25 instituições financeiras, que operam o crédito rural equalizável, para entender o andamento das ofertas de recursos.
Ele indicou que um rearranjo está sendo elaborado e o MDA está responsável por apontar quais as linhas do Pronaf e os locais que mais precisam desse reforço. Segundo o diretor do de Financiamento, Proteção e Apoio à Inclusão Produtiva Familiar do MDA, José Henrique da Silva, linhas de custeio do Pronaf nos estados do Sul e Sudeste devem receber parte dessa realocação de recursos.