Os próximos cinco dias de altas temperaturas serão decisivos para o peso dos grãos de café em regiões produtoras do Brasil, especialmente em Minas Gerais. Com termômetros acima dos 35 graus e intensa exposição solar, a fase conhecida pelos produtores como granação fica ainda mais comprometida. Esse período é fundamental para determinar a quantidade de café que apresentará maior ou menor qualidade.
“Nas áreas produtoras de café do Sudeste e do Nordeste, a expectativa é de que o tempo seco continue predominando durante a maior parte desta semana. Além disso, as temperaturas seguirão em elevação, e o calor excessivo tende a acentuar o déficit hídrico nas lavouras e o estresse térmico nas plantas. Isso deve prejudicar o ganho de peso dos grãos de café”, aponta a Climatempo em nota enviada nesta segunda-feira (17/2).
A previsão preocupa produtores, especialmente aqueles com lavouras mais velhas, cujas plantas têm mais de oito anos de produção. No entanto, até o momento, não há consenso sobre a produtividade entre cafeicultores e corretoras de café, conforme apurou a reportagem.
Nas redes sociais, cafeicultores compartilham vídeos e relatos sobre a maturação das plantas, destacando que os grãos não crescerão como esperado, o que impactará a qualidade da safra. As irregularidades nas lavouras, especialmente nas de café arábica, têm sido tema de debate entre produtores. Dois cenários estão em discussão: um deles prevê uma quebra na oferta para os comercializadores, enquanto o outro envolve produtores que estariam aguardando um preço-alvo de R$ 3 mil por saca nas principais praças do Brasil para vender o café.
A corretora Comércio e Representação Pimentel, de Manhuaçu (MG), publicou há dois dias um vídeo de plantas de café em Caparaó (MG), na zona das Matas de Minas, mostrando que a quantidade de grãos nos pés com mais de seis e oito anos é baixa se comparada às de três ou quatro anos, o que será um desafio para o produtor, já que acentua irregularidades.
Outro problema que se arrasta há pelo menos duas semanas é a queda de chumbinhos, um fenômeno natural de autorregulação da planta, mas que foi intensificado pela seca prolongada de 2024 e pelo calor extremo desde o início do ano, mesmo com as chuvas registradas em janeiro.
De acordo com o relatório de fevereiro do banco holandês Rabobank, há registros de chuvas pontuais nas zonas cafeeiras, com exceção das Matas de Minas e do Espírito Santo. No entanto, o volume de precipitação não tem sido suficiente para compensar os danos causados pelo baixo pegamento da florada, principalmente no café arábica. A instituição está em fase de monitoramento de campo e deve divulgar sua estimativa para a safra brasileira de 2025/26 no fim do mês.
Por Glolo Rural.