Na última semana, compartilhei um vídeo nas minhas redes sociais @aahraomoraes em que tratei de dois temas fundamentais para o presente e o futuro do agronegócio brasileiro: uma notícia que representa uma grande oportunidade e um alerta que exige atenção imediata.
A boa notícia diz respeito ao cenário internacional. A guerra comercial entre Estados Unidos e China, duas das maiores potências econômicas do mundo, abre uma janela estratégica para o Brasil. Com a intensificação desse conflito, o Brasil passa a ocupar uma posição privilegiada como possível fornecedor de alimentos à China, maior consumidora mundial nesse setor. O momento pode ser determinante para que o país fortaleça sua balança comercial e assuma protagonismo no abastecimento alimentar global.
Entretanto, não podemos ignorar a dura realidade enfrentada pelo setor agropecuário brasileiro. Muitos seguidores, com razão, comentaram sobre a grave crise vivida atualmente pelo agronegócio nacional. Concordo integralmente. O Brasil precisa se preparar — com urgência.
Assumir um papel de liderança na exportação de alimentos exige mais do que apenas uma conjuntura internacional favorável. É imprescindível que existam políticas públicas robustas, com foco no incentivo à produção, no acesso facilitado a crédito e em uma infraestrutura eficiente. Infelizmente, o cenário político e econômico atual caminha na direção oposta.
Um exemplo claro disso é a elevada taxa básica de juros. Atualmente em 14,25% ao ano, com previsão de manutenção ou aumento, conforme a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para essa próxima terça e quarta feira, 6 e 7 de maio, essa taxa representa um verdadeiro obstáculo ao crescimento do setor. O custo do crédito rural se torna inviável, mesmo em condições climáticas favoráveis. A aquisição de insumos, máquinas e implementos torna-se proibitiva, elevando o custo de produção a níveis insustentáveis.
A isso somam-se outros agravantes: o aumento constante da carga tributária, a alta nos preços dos combustíveis — especialmente o óleo diesel, que chega às propriedades rurais com valores bem superiores aos praticados nos centros urbanos — e a inflação generalizada nos insumos agrícolas.
O resultado desse cenário é alarmante. Estima-se que cerca de 90% dos produtores rurais estão atualmente endividados. Muitos já estão abandonando suas atividades, o que compromete a continuidade da produção e coloca em risco a segurança alimentar do país.
As consequências dessa crise já são perceptíveis no dia a dia dos brasileiros. Os preços dos alimentos nas prateleiras dos supermercados continuam subindo, penalizando principalmente as camadas mais pobres da população — as mais vulneráveis em momentos de instabilidade econômica.
Portanto, o que se apresenta ao Brasil é uma encruzilhada: por um lado, uma oportunidade histórica de se firmar como fornecedor estratégico de alimentos para o mundo; por outro, a ameaça de um colapso no setor agropecuário caso não haja uma guinada nas decisões políticas e econômicas do país.
O agronegócio tem sido, nos últimos anos, o grande motor da economia brasileira — responsável por significativa arrecadação de impostos, geração de empregos e contribuição direta ao PIB nacional. Sem esse setor, a pressão cambial sobre o real seria ainda mais severa, com o dólar ultrapassando facilmente a casa dos R$ 8,00, o que agravaria a crise em todos os níveis da sociedade.
É preciso, portanto, sensatez e responsabilidade por parte dos nossos governantes. Que os membros do Copom, em sua próxima reunião, reflitam sobre o impacto social e econômico de suas decisões. Que políticas de estímulo à produção rural sejam debatidas com seriedade, com foco na sustentabilidade econômica do país.
Como cidadão, produtor rural, prestador de serviços ao agro e observador atento da realidade nacional, sigo preocupado — mas também esperançoso. Que nossas orações se transformem em ações concretas e que o bom senso prevaleça nas decisões que moldarão o futuro do Brasil.
Oremos!
Aahrão de Deus Moraes, graduado em Direito pela Universidade Católica Dom Bosco, de Campo Grande/MS; Pós-graduado em Direito Imobiliário, Registral, Notarial, Agrário e Agronegócios; Pós graduando em Gestão no Agronegócio; Produtor Rural; Empresário; Gestor de Imóveis Rurais; CEO e Fundador do Escritório Moraes & Associados – Advocacia Rural; Advogado com 15 anos de atuação, especialista em causas Imobiliárias, Agrárias, Ambientais e do Agronegócio.