A Frísia Cooperativa Agroindustrial, de Carambeí (PR), planeja investimentos da ordem de R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos, para sustentar a expansão dos negócios no Paraná e em Tocantins. A cooperativa, que celebrou 100 anos em agosto, espera sair de uma receita de R$ 5,79 bilhões em 2024 para R$ 13 bilhões até 2030. Para este ano, a previsão é alcançar faturamento de R$ 5,9 bilhões, com lucro de pelo menos R$ 240 milhões.
De acordo com o superintendente da Frísia, Mario Dykstra, a expansão envolve todas as áreas de negócios — produção de leite, carne suína, grãos, sementes e florestal. A Frísia também pretende se valer de parcerias com outras cooperativas — estratégia que já adota em algumas áreas — para avançar na verticalização da produção.
“Para o planejamento estratégico até 2030, queremos focar no crescimento, para suportar a produção do nosso cooperado e agregar mais valor, permitindo a ele beneficiar e industrializar a produção”, afirma Dykstra. Segundo ele, a cooperativa vai buscar financiamento para parte dos projetos, com recursos do Plano Safra, do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) e do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO).
O maior investimento será na instalação de uma esmagadora de soja, com capacidade para processar entre 3 mil toneladas e 3,5 mil toneladas de soja por dia. Dykstra afirma que a indústria será construída em parceria com outras cooperativas.
A Frísia negocia com outras cinco cooperativas — Agrária, Castrolanda, Capal, Bom Jesus e Coopagrícola — o investimento conjunto. “O investimento final da Frísia vai depender de quantos sócios conseguirmos e quanto cada um pretende aportar no projeto”, acrescenta. A esmagadora de soja funcionará como empresa, tendo as cooperativas como sócias, com participações proporcionais aos aportes de cada uma.
A cooperativa também prevê investir entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões na ampliação de sua capacidade de armazenagem no Paraná e Tocantins. A intenção é ampliar a capacidade em 90 mil toneladas, sobre as atuais 667 mil toneladas de grãos.
Pelo menos R$ 100 milhões serão investidos em Tocantins, onde a Frísia espera ter crescimento mais acelerado, com a adesão de novos cooperados.
“Nós pretendemos sair de uma área plantada em Tocantins de 40 mil hectares para 72 mil hectares até 2030. Naturalmente, vamos precisar de mais espaço para estocar e armazenar os grãos”, afirma o superintendente. A cooperativa tem atualmente 139 cooperados em Tocantins. No Paraná, são 938, com uma área de cultivo em torno de 158 mil hectares.
No ano passado, a produção pelos cooperados da Frísia alcançou 826,8 mil toneladas de grãos, entre soja, milho, trigo, cevada, sorgo, gergelim e feijão.
Na área de sementes, o plano da Frísia é investir R$ 50 milhões na instalação de uma estrutura para beneficiamento e armazenagem refrigerada de sementes de soja, trigo e cevada. “Também trabalhamos a intercooperação na área de sementes, inicialmente com a Castrolanda”, afirma Dykstra.
A ampliação da fábrica de rações da Frísia também está prevista e deve demandar R$ 30 milhões. Em 2024, a indústria produziu 239 mil toneladas de rações para atender os criadores de bovinos e suínos cooperados. “Esses negócios vão avançar e dar bastante sustentação ao nosso crescimento”, diz.
Parcerias
Para alavancar o crescimento e acelerar a industrialização, a estratégia da Frísia tem sido fazer parcerias com outras cooperativas. É sócia da Agrária, da Castrolanda, da Capal, da Bom Jesus e da Coopagrícola na Maltaria Campos Gerais, instalada em Ponta Grossa (PR), que teve investimento de R$ 1,6 bilhão. A maltaria começou a operar em 2024 e tem capacidade para produzir 240 mil toneladas de malte por ano.
A cooperativa também opera com a Castrolanda e a Capal, por meio da Unium, um moinho em Ponta Grossa, que fornece farinha de trigo para indústrias de panificação, massas e biscoitos. No momento, de acordo com Dykstra, está em estudo também a produção de alimentos prontos para os clientes industriais, como biscoitos.
Ainda por meio da Unium, é feita a produção e a comercialização de leite. No ano passado, a Frísia produziu 362,2 milhões de litros de leite, com expansão de 8,24%. A Unium produz laticínios com as marcas Colaso, Colônia Holandesa e Naturalle.
Os aportes planejados pela Frísia até 2030 preveem também a ampliação da unidade produtora de leitões, de 5,5 mil matrizes atualmente para até 8 mil matrizes. “A intenção é construir uma nova linha de produção de suínos, além da modernização da fábrica atual”, revela o superintendente.
Na área de manejo florestal, a Frísia registrou 73 mil toneladas de produção florestal no ano passado. A cooperativa adquiriu 300 hectares e arrendou 230 hectares para ampliar as áreas de plantio. A cooperativa pretende investir em um picador novo, para produção de cavacos de madeira.
Por Globo Rural.