Os oito segundos mais emocionantes do rodeio não dependem apenas da performance do peão. O touro também tem papel fundamental na nota dada pelos juízes, pois os movimentos realizados dentro da arena influenciam diretamente na pontuação conforme a altura e a intensidade dos saltos.
Mas por que o animal pula? De acordo com Marcos Guerra, médico-veterinário e especialista em reprodução bovina, dois fatores explicam essa característica no evento esportivo e cultural: a aptidão natural ligada à genética e os estímulos durante a montaria.
“Assim como existem cavalos destinados à corrida e outros para o trabalho, há touros que têm predisposição genética para o pulo. É uma condição selecionada e aprimorada ao longo das gerações com o melhoramento genético”, revela.
Ainda segundo Guerra, esses animais nascem com uma reatividade elevada, força muscular expressiva, coordenação e instinto de reação rápida, destacando-se naturalmente nos saltos porque a habilidade faz parte da herança comportamental e física.
O segundo fator que determina a intensidade dos pulos são os estímulos causados pelo peão e também pelo sedém, a corda colocada à frente da virilha e longe dos testículos.
“O touro entende o cowboy sobre o seu dorso como algo a ser removido, é um reflexo natural e instintivo herdado dos ancestrais e que permanece até hoje. E o sedém, por sua vez, tem a função de oferecer um leve estímulo tátil, como se fosse uma cócega, onde o touro tenta remover com os movimentos do corpo. Isso desperta o comportamento de pulo sem causar sofrimento”, destaca.
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Todos os touros pulam?
Não. O médico-veterinário destaca que, como o pulo é uma aptidão individual e o resultado da combinação de trabalho genético, temperamento e coordenação motora, alguns animais podem nascer com reflexo rápido e capacidade atlética, enquanto outros, mesmo fortes e saudáveis, não têm as mesmas características.
Desta forma, é comum que os criadores que trabalham com a seleção genética e o objetivo de desenvolver touros para competições escolham aqueles que demonstram aptidão natural para o pulo.
Segundo a PBR Brazil, empresa ligada à Professional Bull Riders (PBR), a maior organização mundial de montaria, não há como fazer com que o animal desperte a habilidade para o esporte, porque a característica está presente desde o nascimento.
“Para se ter ideia, em um rebanho com 100 touros, apenas 4% possui capacidade para torneios, já que não há como desenvolver a índole. Ele (touro) pode até passar por treinamentos para se acostumar, desde que tenha capacidade para tal”, destaca a entidade brasileira.
Kiko Almeida, veterinário da PBR, reforça a afirmação de Marcos Guerra sobre a influência da genética nos touros de rodeio.
“Existe um mito muito grande de que se amarra o testículo do animal para ele pular, mas isso só dificultaria que ele pulasse. O animal pula por índole, tanto que existe um trabalho de genética em cima disso, onde a gente pega os bois que pulam mais e as vacas filhas desses bois. Nos Estados Unidos, por exemplo, quase todos já são de genética”, diz.
Por Globo Rural.
















