Lagoa da Confusão é o único município do Tocantins a figurar na lista das 100 cidades mais ricas do agronegócio brasileiro, segundo a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) 2024 do IBGE. No ranking geral, aparece na 72ª posição, com valor de produção agropecuária estimado em R$ 1,39 bilhão, resultado que coloca o município lado a lado com alguns dos maiores polos produtivos do país.
O desempenho confirma a força da agricultura na região, mas também revela um contraste que há anos preocupa moradores e produtores: a riqueza gerada no campo não retorna na mesma proporção para a cidade.
Embora tenha registrado R$ 97,7 milhões em receitas brutas em 2024, Lagoa da Confusão ainda convive com deficiências básicas em infraestrutura, educação e saúde. Para quem vive e trabalha no município, a sensação é de que os números bilionários não chegam às ruas, às escolas e nem aos serviços essenciais.
A situação das estradas é um retrato claro dessa contradição. O trecho da TO-255, entre Lagoa da Confusão e Barreira da Cruz, permanece em estado crítico: buracos, erosões, sinalização inadequada e pontes sem manutenção. A via, fundamental para o escoamento da produção, torna-se um desafio diário para caminhões e trabalhadores rurais. Produtores relatam aumento de custos logísticos, riscos de acidentes e prejuízos que se acumulam a cada safra.
A precariedade da rodovia, mostrada em reportagem recente do Tocantins Rural, evidencia um problema estrutural que vai além do setor produtivo: afeta o transporte escolar, o acesso a serviços de saúde e a mobilidade da população em geral.
Apesar de apresentar indicadores econômicos expressivos, como PIB per capita de R$ 71 mil e população estimada em 16,6 mil habitantes, Lagoa da Confusão ainda busca transformar esse potencial em qualidade de vida. Moradores cobram mais investimentos públicos, especialmente em áreas que deveriam acompanhar o ritmo de crescimento do agronegócio.
Para lideranças locais e produtores, o ranking do IBGE reforça um ponto essencial: Lagoa da Confusão tem força para se consolidar entre as potências agrícolas do Brasil, mas precisa que o retorno dessa produção seja visível na infraestrutura e nos serviços que sustentam a vida da comunidade.
Enquanto os números colocam o município no topo do agronegócio nacional, a realidade das estradas e da estrutura pública mostra que ainda há um longo caminho para que essa riqueza seja sentida por quem vive e produz na região.















