Resultado líquido da empresa foi de R$ 19,8 milhões no quarto trimestre e de R$ 395,5 milhões no ano passado
Por Nayara Figueiredo — São Paulo
A Minerva, maior exportadora de carne bovina da América do Sul, encerrou o quarto trimestre do ano passado com lucro líquido de R$ 19,8 milhões, conforme balanço financeiro que a empresa divulgou na noite desta segunda-feira (25/3). No mesmo período de 2022, ela havia tido prejuízo líquido de R$ 25,7 milhões.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) caiu 0,3% no quarto trimestre, para R$ R$ 605,9 milhões. A receita líquida, por sua vez, recuou 9,8%, para R$ 6,16 bilhões.
Com esse desempenho, a companhia fechou 2023 com lucro líquido de R$ 395,5 milhões, um resultado 39,6% menor que o do ano anterior. Também na comparação anual, o Ebitda caiu 9,7%, para R$ 2,56 bilhões. Já receita líquida diminui 13,2%, para R$ 26,8 bilhões.
O presidente da Minerva, Fernando Galletti de Queiroz, afirmou, em relatório, que, no ano passado, as exportações representaram 65% da receita bruta consolidada da empresa. “O desequilíbrio entre oferta e demanda no mercado global de proteína bovina segue proporcionando novos acessos a importantes mercados, como por exemplo, a habilitação do Paraguai para os Estados Unidos, a recente abertura de China para Colômbia e as novas plantas autorizadas no Brasil para acessar o mercado chinês, agora no início de 2024”, disse.
O volume de abates cresceu 26,1% no quarto trimestre, para 1,08 milhão de cabeças. No acumulado de 2023, a empresa abateu 3,87 milhões de cabeças, ou 3,3% a mais do que no ano anterior.
Cade e plantas de abate
Para 2024, a principal expectativa da Minerva é pela aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na compra de 16 plantas de abate e desossa da Marfrig na América do Sul e um centro de distribuição por R$ 7,5 bilhões.
No negócio, que configura a maior transação da Minerva até o momento, ficou acertada a aquisição de 11 plantas no Brasil, três no Uruguai, uma na Argentina e uma no Chile.
Além disso, a Minerva dará um salto em torno de 44% em capacidade de abate com a aquisição, seguindo como uma das companhias mais competitivas nas exportações da América do Sul para a China. Serão quase 13 mil cabeças por dia de capacidade de abate adicional em bovinos e 6,5 mil em ovinos. A estimativa é que os ativos geram receita de R$ 18 bilhões e um Ebitda de R$ 1,5 bilhão.
A aprovação pelo Cade está demorando mais do que o que as empresas previam inicialmente. O órgão considerou que não se tratava de uma operação simples e, por isso, seria necessário mais tempo para a análise.
Em despacho publicado em dezembro, a Superintendência Geral do Cade considerou que, em ao menos um dos mercados afetados pela operação (abate de bovinos em Rondônia), o negócio poderia dar à Minerva posição dominante (com participação de mercado superando o limite de 20%). Com isso, não seria possível enquadrar a análise do Cade no chamado “ato de concentração sumário”, passando a ser então um ato ordinário. O prazo para a verificação poderia 240 dias, a contar de 22 de janeiro.
Analistas acreditam que, mesmo que a aprovação ocorra ainda neste ano, os efeitos práticos da compra de plantas deverão ser sentidos nas operações da Minerva somente no ano que vem.