O valor das terras no Estado de Tocantins subiu mais que a média nacional na última década; expansão do cultivo da soja na região está relacionada a esse movimento
A valorização das terras no Tocantins está em ascensão, sendo impulsionada pelo crescimento exponencial da área de soja plantada na última década. De acordo com o Índice Geral de Preços (IGP-M) da Terra do Incra, o preço médio da terra no Tocantins triplicou de 2014 a 2024, e está atualmente em R$ 15 mil o hectare. Já o valor médio nacional subiu 130% no mesmo período.
A conversão de pastagens em áreas agrícolas de alta produtividade é um dos principais impulsionadores dessa valorização no Tocantins, aumentando significativamente o potencial de retorno sobre o investimento. “Segundo informações de levantamento da Seagro e corretores locais, os preços das terras variam de R$ 5 mil a R$ 50 mil por hectare, dependendo da região e das condições específicas. No Estado, já temos áreas que valem mais de 50 mil, conforme dados técnicos”, ressalta Thadeu Teixeira Júnior.
“A lógica tradicional de oferta e demanda também se aplica à valorização das terras. Com o aumento da área de cultivo de soja, as terras no Tocantins experimentaram uma valorização expressiva, variando conforme localização, qualidade do solo e proximidade de infraestruturas essenciais como estradas e a Ferrovia Norte-Sul”, destaca o engenheiro agrônomo.
De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área destinada à soja no Estado cresceu mais de 71% na última década, passando de 846 mil hectares para mais de 1,45 milhão de hectares, refletindo a crescente demanda e o interesse por novas áreas para cultivo.
O aumento significativo no preço da soja também acompanha essa tendência. O engenheiro agrônomo da Seagro, Thadeu Teixeira Júnior, explica que, em julho de 2015, a saca era comercializada a R$ 64,00, enquanto no mesmo período de 2024, alcança R$ 123,00 por saca. Esse crescimento é motivado pela demanda global crescente, especialmente da China, apesar das variações que situam o preço entre R$ 55,70 e R$ 198,95 durante esse intervalo.
A área destinada ao cultivo soja em Tocantins cresceu mais de 70% na última década, passando de 846 mil hectares para mais de 1,45 milhão de hectares, segundo a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab).
“Mesmo com a valorização, as terras tocantinenses continuam sendo uma opção atrativa, comparativamente mais acessíveis do que em outros centros produtivos do país, o que tem atraído empresas, grupos, cooperativas e produtores interessados em expandir suas operações no Estado”, finaliza o engenheiro agrônomo.
Tocantins não vive só de soja
Mandioca, milho, algodão e outras culturas também vêm obtendo crescimento no Estado. A produção de mandioca no Tocantins, por exemplo, é uma atividade presente nos 139 municípios tocantinenses, sendo além de grande geradora de renda, fonte de alimento para milhares de agricultores, o que inclui o consumo in natura e processada (farinha, fécula e produtos derivados). Em 2020 a Seagro deu início a um canteiro de cultivo da mandioca (mesa e industrial) com alto potencial de produtividade. O espaço para multiplicação da maniva da mandioca ocupa um pouco mais de dois hectares, localizado no Centro Agrotecnológico de Palmas.
“O Tocantins tem aproximadamente quarenta e cinco mil agricultores familiares, e a cultura da mandioca é cultivada em praticamente todos os estabelecimentos rurais. Esse novo canteiro no Centro Agrotecnológico terá recomendações técnicas que vão possibilitar o melhoramento do desempenho na produção. As variedades de mandioca que estão sendo multiplicadas são adaptadas às condições edafoclimáticas do Tocantins”, explicou o Secretário, Thiago Dourado.
Além do clima favorável, chuvas em períodos definidos, a qualidade das manivas, o manejo adequado, pesquisa, difusão de tecnologias como novas variedades e, a capacitação dos técnicos, que são os responsáveis por levar aos produtores todas as inovações que surgem no mercado são fatores primordiais para que os produtores tocantinenses alcancem maiores rendimentos. Desta forma, o Tocantins tem muito a crescer em termos de agregação de valor (agroindustrializar), pois grande parte da farinha e fécula consumida no estado vem de fora, o intuito é fortalecer a economia local e vender a produção dentro do Tocantins, fomentando os comércios e atacadistas da região.
Outro destaque é o algodão que encerrou a colheita com marca histórica na produção. Ou seja, a produção de algodão em caroço é mais uma atividade agrícola em expansão no agronegócio tocantinense. Segundo informações do 12º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra do algodão 2019/2020 encerrou batendo a marca histórica na produção, um crescimento de 57%, em relação à safra passada. Na safra anterior foram produzidas 17,74 mil toneladas, e nesta safra, alcançou o patamar de quase 27,87 mil toneladas de algodão.
Para o engenheiro agrônomo da Seagro, Antônio Cássio, o Tocantins mostra algumas características que estão atraindo os produtores a iniciarem os investimentos nessa cultura com, “logística para escoamento da produção, tanto para o mercado interno como para exportação, disponibilidade de energia elétrica para instalação de usinas de descoroçoamento em todas as regiões com potencial para produção e condições climáticas que permite um plantio mais tardio e até mesmo uma segunda safra precoce”, concluiu.
Dificuldades com a logística
Nem tudo são flores. Em matéria recente, publicada pelo Canal Rural, os produtores do sudoeste de Tocantins estão pagando pelo menos 133% mais caro pelo transporte da soja, do que deveriam. Cerca de 175 quilômetros separam os sojicultores da região, até o polo de entrega de seus grãos. Parece pouco, mas a realidade poderia ser bem diferente e traria economia a todos, caso o governo do estado cumprisse sua promessa. Isso porque outro caminho bem mais curto e econômico segue intransitável.
Alguns produtores chegam a gastar em média R$ 3,50 por saca só com o transporte, o que representa no final das contas mais de R$ 60 mil por safra. Se o deslocamento fosse realizado por outro caminho, a apenas 20 quilômetros dos armazéns, os produtores economizariam 133%, ou seja, R$ 2 por saca, valor importante para determinar lucro ou prejuízo em uma temporada.
Apesar da alta dos preços, as terras no Estado ainda são mais baratas do que em outras regiões, o que continua atraindo interesse de investidores.
Por Compre Rural.