Por Globo Rural
No Tocantins, a incidência de raios durante tempestades aumentou desde novembro do ano passado e tem causado prejuízos a produtores, seja pelos danos nas lavouras ou por mortes de rebanhos bovinos, que são abatidos pelas descargas elétricas.
A situação não é tão incomum para a época do ano, conforme explica à reportagem Alexandre Nascimento, meteorologista da Nottus. Isso porque o verão costuma ser chuvoso em qualquer parte do país. No entanto, no Tocantins, faltou precipitação em meses anteriores, o que teria desencadeado problemas no campo decorrentes de raios.
De acordo com dados do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Elat/Inpe), o número de raios praticamente dobrou em um intervalo de três anos. De janeiro a novembro de 2023 foram 13,8 milhões de raios, enquanto em 2022 o número superou 8 milhões de raios, um milhão a mais que em 2021.
“Só para ter uma ideia, por causa desse desequilíbrio, a vazão no rio Tocantins que corta todo o estado está abaixo de 40% do normal hoje. Calorão e entrada de umidade causam a formação de nuvens do tipo cumulonimbus e elas provocam raios”, explicou.
Nascimento acrescenta que, apesar de o El Niño favorecer chuva forte e rápida, com raios, não é o único fenômeno responsável por esses acidentes no campo. O La Niña pode também causar raios e consequências às lavouras tocantinenses.
De olho nas variações climáticas, a Secretaria da Agricultura e Pecuária (Seagro), Agência de Defesa Agropecuária (Adapec), Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e Defesa Civil do Tocantins estiveram em lavouras de soja da região Sul e Sudeste do Estado para acompanhar a situação do plantio, já que as condições do clima geraram dificuldades para estabelecimento da cultura.
“Nós visitamos lavouras de soja no município de Gurupi, Figueirópolis, Peixes, São Valério e Santa Rosa, onde observamos grande irregularidade das lavouras. Até o momento muitos produtores estão fazendo replantios e estudo em decorrência da instabilidade das chuvas. A chuva, até esse momento, não promoveu o bom desenvolvimento das lavouras, o que provocou essa necessidade de vários replantios”, detalhou, em nota, Jaime Café, secretário da pasta.
As visitas técnicas começaram no último dia 20 de janeiro e devem continuar em lavouras de outros cultivos.