A cotação do boi gordo apresentou avanço significativo nas últimas semanas, impulsionando a rentabilidade de produtores em diversas regiões do Brasil, especialmente no Tocantins. Segundo levantamento da Scot Consultoria, a valorização da arroba bovina chegou a R$ 11 nas praças do Sul, enquanto no Norte do Tocantins os valores variam entre R$ 298 e R$ 300, podendo atingir até R$ 307 em negociações voltadas ao mercado internacional, como no caso do chamado “boi China”.
A análise é de Pedro Gonçalves, engenheiro agrônomo e analista de mercado da Scot Consultoria. Em entrevista ao Diário Tocantinense, o especialista apontou uma combinação de fatores que contribuem para esse movimento de alta. Entre eles, destacam-se o aumento da demanda interna por carne bovina, o ritmo acelerado das exportações e a menor oferta de animais prontos para abate.
“Abril começou muito bem. Estamos vendo uma média de 11 mil toneladas de carne bovina sendo exportadas diariamente. Isso mostra a força do mercado internacional e uma retomada do consumo interno que estava retraído”, afirma Gonçalves.
Oferta controlada e clima favorecem valorização
A escassez de oferta no mercado físico, aliada à melhoria nas condições climáticas, tem garantido maior poder de barganha ao produtor. As chuvas prolongadas no Centro-Norte do país contribuíram para que o pecuarista consiga manter o gado por mais tempo no pasto, evitando a pressão de venda e negociando com preços mais vantajosos.
Com isso, os frigoríficos se veem obrigados a elevar suas propostas de compra diante da dificuldade em encontrar volume suficiente de animais terminados. “O frigorífico está tendo que pagar mais pelo boi, e isso favorece diretamente o pecuarista”, analisa o especialista.
Exportações mantêm ritmo forte
Dados consolidados da primeira quinzena de abril apontam para um patamar expressivo de exportações. A média diária de embarques se mantém acima de 11 mil toneladas, com destaque para mercados como China, Emirados Árabes, Egito e Chile.
A valorização do dólar e o aumento na demanda global por proteína animal brasileira reforçam esse cenário. De acordo com a Scot Consultoria, a tendência é que o Brasil mantenha o protagonismo nas exportações de carne bovina no segundo trimestre de 2025, beneficiando diretamente estados com vocação pecuária consolidada, como o Tocantins.
Expectativas para os próximos meses
Com a chegada do outono e a manutenção do clima favorável à pastagem, a expectativa é que os preços se mantenham firmes no curto prazo. A continuidade das exportações em patamar elevado e a retomada gradual do consumo doméstico reforçam a perspectiva de estabilidade e valorização.
Especialistas recomendam, no entanto, atenção ao planejamento de vendas e às oscilações do mercado internacional. Questões logísticas, sanitárias e mudanças nos protocolos de exportação podem impactar a cadeia produtiva, exigindo estratégias mais refinadas de comercialização.