Por Daniela Walzburiech — Florianópolis
A gripe aviária, doença fatal que dizimou milhões de aves nos últimos anos em todo o mundo, foi diagnosticada em vacas-leiteiras de fazendas do Texas e do Kansas, segundo o Serviço de Inspeção Sanitária Animal e Vegetal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Os bovinos mais velhos foram os mais atingidos, representando 10% dos rebanhos das propriedades. De acordo com o governo americano, os animais apresentaram sinotasm como redução do apetite, febre e queda na produção do leite.
O USDA informou que os testes realizados no leite e também nos animais sintomáticos “deram positivo para influenza aviária altamente patogênica (HPAI)” e que aves selvagens foram encontradas mortas nas propriedades investigadas.
Gripe aviária em mamíferos?
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a gripe aviária “é uma doença de alto risco para aves quando causada por subtipos de vírus altamente patogênicos e se caracteriza por acarretar barreiras sanitárias para a comercialização de produtos avícolas no mercado interno e externo e em enormes prejuízos econômicos para a avicultura comercial”.
O vírus da gripe aviária pode ser transmitido por longos períodos e em locais frios a partir do contato direto com secreções de aves infectadas (fezes, ração, secreções respiratórias, água, ovos quebrados ou carcaças).
Luizinho Caron, pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, explica que o caso registrado nos Estados Unidos não é inédito. A primeira vez que bovinos foram contaminados pelo vírus da influenza foi em 1951, no Japão. Anos depois, em 1977, uma situação semelhante com a atual aconteceu: a queda na produção de leite.
O especialista afirma que as contaminações podem ocorrer de tempos em tempos, mas são consideradas raras.
“Alguns cientistas e pesquisadores estão estudando porque o bovino é mais resistente do que outras espécies, pois em todos os casos já diagnosticados não tivemos mortes. Uma das especulações é que seja pelas proteínas ou algo presente no soro desses animais”, disse à Globo Rural.
No passado, o sintoma mais comum nos animais contaminados pelo vírus H5N1 foi a broncopneumonia, infecção que se instala nos brônquios e atrapalha a passagem de ar para os pulmões.
E o leite?
O especialista tranquiliza sobre o consumo de leite ao destacar a importância da pasteurização para garantir a segurança à população.
“O que temos de novo agora é a detecção do vírus no leite cru. Talvez, na época do outro surto, não tenha sido explorado isso. O vírus é sensível às temperaturas altas. Elas inativam o vírus da gripe aviária e também bactérias, como a tuberculose e a brucelose”.
Devido à pasteurização, processo obrigatório em que a temperatura é elevada para eliminar vírus e bactérias presentes, a bebida não ferece riscos.
“A perda de leite resultante de bovinos sintomáticos é limitada para ter um impacto importante na oferta e não deverá ter qualquer impacto no preço do leite ou de outros produtos lácteos”, garante a nota divulgada pela USDA.
A Comissão de Saúde Animal do Texas também se pronunciou sobre o diagnóstico. O órgão informou disse que, inicialmente, os testes não encontraram alterações no vírus H5N1 que o torna transmissível ao ser humano.
Entre as orientações aos produtores para evitar a propagação da doença estão limitar pessoas nas centrais leiteiras e a lavagem frequente das mãos.
Conforme o The New York Times, a investigação das autoridades sanitárias começou na semana passada, após relatos às agências federais e estaduais sobre vacas doentes em fazendas do Texas, Kansas e Novo México.
Jim Lowe, veterinário e pesquisador da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Illinois, disse à publicação que a doença foi detectada em leite considerado anormal para o consumo e que estava “espesso e xaroposo”.
A orientação ao encontrar aves mortas ou com dificuldades nervosas, motoras e respiratórias, além de manter distância segura e não mexer nos animais, é avisar o Serviço Veterinário Oficial .