Por José Florentino
Dezesseis toneladas de plástico viraram paredes em um aviário de 1,8 mil metros quadrados para 25 mil frangos na fazenda Nossa Senhora de Aparecida (NSA), em Iperó, no interior paulista. O material reciclado foi transformado em tijolos parecidos visualmente com as famosas peças de Lego, que economizam tempo e dinheiro no processo de modernização da granja, segundo a Fuplastic, dona da tecnologia.
“É um sistema de encaixe parecido com Lego, então conseguimos fazer toda a montagem no período de vazio sanitário do aviário, que é de 15 dias”, diz o CEO da empresa, Bruno Abramo, em entrevista à reportagem. Depois da montagem, a empresa passa barras de ferro pelas estruturas de encaixe, mantendo a unidade.
A produtora Marcia Magalhães, proprietária da NSA, conta que toda reforma de aviário é um suplício: as obras têm prazo para começar, mas não para acabar. Falta mão de obra ou o clima dificulta a construção a base de cimento. A incerteza prejudica a programação do aviário e, consequentemente, o faturamento da propriedade.
A obra da Fuplastic demorou cerca de 10 dias para ficar pronta, incluindo quatro dias que a avicultora precisou para derrubar a estrutura antiga. Um aviário convencional pode levar até três meses — período que é suficiente para dois ciclos de engorda de frango.
Esse aviário faz parte de um núcleo com outros dois. Caso a atividade fosse paralisada por três meses, devido à sujeira da reforma, Marcia teria deixado de entregar cerca de 150 mil frangos ao frigorífico Zanchetta, da qual é produtora integrada. O investimento, diz ela, também acaba sendo compensado por esses ciclos de engorda a mais.
“Essa tecnologia não gera sujeira no restante do núcleo, então pudemos continuar operando enquanto a obra acontecia”, explica a produtora. Marcia pretende reformar os outros dois aviários desse núcleo até o fim deste ano, além de outros quatro, de outro núcleo, em 2025.
Abramo explica que os tijolos de plástico desenvolvidos pela empresa colaboram para o equilíbrio térmico do ambiente: em momentos de calor extremo, por exemplo, a temperatura interna tende a ficar 3 ºC ou 4 ºC mais baixa. No frio, o material evita que as obras sofram tanto.
A Fuplastic terá dados concretos sobre os benefícios da tecnologia ao fim do ciclo alojado na fazenda Nossa Senhora de Aparecida. No entanto, Abramo já cultiva grandes expectativas para o agronegócio: vê aplicações em granjas de poedeiras e suínos e em estufas de frutas.
No futuro próximo, mais da metade da receita da Fuplastic deve vir desses ecoaviários. “Temos dobrado o faturamento ano a ano, e essa tecnologia será o grande impulsionador daqui para frente”, projeta o CEO.
A empresa é especializada em reciclar plástico e transformá-lo em bens duráveis, e começou fabricando caixas de passagem para redes subterrâneas de energia. Hoje, comercializa também construções modulares para o varejo, com marcas como McDonalds e ChilliBeans entre seus clientes.