Por Paulo Santos — São Paulo
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, voltou a afirmar que o Brasil não aceitará imposições da União Europeia que prejudiquem a soberania nacional no comércio de produtos agropecuários.
“Acreditamos no acordo entre Mercosul e União Europeia, mas com bases equilibradas, com respeito à soberania de ambos os lados”, disse o ministro durante entrevista ao programa “Hora H do Agro”, na Jovem Pan, no sábado (23/3).
Ao falar sobre a nova lei da União Europeia, que impede a importação de produtos ligados ao desmatamento, Fávaro reiterou que o Brasil não abrirá mão de sua dependência quando o assunto é fiscalização de produtos do campo livres de desmate.
“Nós temos um código florestal que está entre os mais modernos do mundo, e os produtores são adaptados a essa regra. Como a ministra Marina Silva [do Meio Ambiente] disse recentemente, 98% dos produtores estão dentro da lei, portanto não dá para a União Europeia definir uma nova regra que eles devem cumprir”, destacou.
A insistência do bloco europeu em estabelecer novas diretrizes para produtos ligados ao desmatamento, pode afetar a relação comercial com o Brasil, pontuou o ministro.
“A Europa é um mercado importante para o Brasil, mas se ela insistir em avançar sobre os limites da nossa soberania, vamos ter que buscar outras alternativas. A ampliação das relações comerciais com Ásia, Oriente Médio e África são completamente viáveis para suprir qualquer demanda que possa ser prejudicada com a União Europeia”, finalizou.
A nova lei europeia que proíbe a importação de produtos agro ligados ao desmatamento está prevista para entrar em vigor em janeiro de 2025. Mais recentemente, no entanto, o bloco deu sinalizações que pode adiar algumas regras, diante da reclamação de outros países sobre imposições dos europeus.