Os Fiagros, fundos de investimentos no agronegócio, foram lançados há três anos com grandes expectativas de replicar o sucesso dos Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs). No entanto, têm enfrentado dificuldades, com vários produtores rurais deixando de cumprir com seus compromissos, deixando os investidores cautelosos.
Dos 26 Fiagros listados na bolsa, 21 estão sendo negociados abaixo do seu valor patrimonial, indicando uma demanda menor do que a oferta. Analistas e gestores atribuem essa situação ao sentimento de incerteza entre os investidores.
A falta de confiança dos investidores é alimentada por notícias de calotes de empresas de médio a grande porte que deixaram de pagar parcelas de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) que emitiram. Esses títulos são isentos de imposto de renda e são amplamente utilizados pelas empresas do setor agrícola para obter financiamento no mercado de capitais. Desde maio do ano passado, ocorreram pelo menos nove casos de inadimplência, afetando diretamente os fundos que detêm esses títulos.
Os eventos de inadimplência têm afetado diversos fundos de investimento no agronegócio. O IAGR11, gerido pela SFI Investimentos, registra uma participação de 30% do seu patrimônio em inadimplência. O GCRA11, sob gestão da Galapagos Capital, apresenta 25% do seu patrimônio afetado. Já o VCRA11, administrado pela Vectis Datagro, possui 15% do seu patrimônio em inadimplência. O VGIA11, gerido pela Valora, tem 11% do seu patrimônio impactado, enquanto o NCRA11, da NCH Capital, registra 5,7% de inadimplência. Por fim, o XPCA11, administrado pela XP Asset, apresenta apenas 0,3% do seu patrimônio em situação de inadimplência.