Por Viviane Petroli – Canal Rural
Uma linha de crédito em dólar deverá ser lançada até a primeira semana de março pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) voltada para auxiliar o produtor rural quanto ao pagamento do custeio. A medida foi anunciada pelo secretário de política agrícola, Neri Geller, durante a Abertura Nacional da Colheita da Primeira Safra de Milho no Brasil, em Ibirubá (RS). A previsão é que o recurso seja entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões.
A Abertura Nacional da Colheita da Primeira Safra de Milho no Brasil faz parte do Projeto Mais Milho, uma realização do Canal Rural e Abramilho, com patrocínio da Aprosoja-MT, Senar-MT, Bayer, Vence Tudo, Inpasa e Ihara, e apoio da Brevant Sementes.
“Tudo isso é mercado e é consumo. E eu traduzo isso como oportunidade ao Brasil, quando vejo um potencial de milho acima de 100 milhões de toneladas e produtividade crescendo. Mas, vivemos um momento difícil, desafiador. Os custos demoram mais para cair do que o preço do produto”.
De acordo com o secretário de política agrícola do Mapa, Neri Geller, o governo federal tem ciência quanto ao problema enfrentado pelo campo de seca, como o do Rio Grande do Sul em safras passadas e hoje por Mato Grosso, e de rentabilidade, em função do desaquecimento do mercado internacional e dos preços em queda.
Geller pontuou que os preços das commodities caminham para um equilíbrio, visto o mercado estar precificado, os estoques públicos estarem elevados e o consumo não acompanhar a capacidade de produção do produtor.
“Nós estamos criando uma linha de crédito em dólar, já se antecipando o problema, para mitigar essa questão da receita versus despesa. O recurso será de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões, com taxas de juros de 8%, para o produtor que tem problema de safra ou preço. Isso é para custeio”.
O secretário de política agrícola do Mapa explicou ainda que o recurso deverá ter carência de um a dois anos e de três a quatro anos para pagar. O produtor, disse ele, poderá buscar o capital de giro através de revendas, agentes financeiros, indústrias e/ou cooperativas.
“Isso é o primeiro movimento que o Mapa está fazendo. Na questão do seguro sabe-se que o problema é grande. A questão do Proagro vamos rever. Mas, precisamos de muito mais. Não dá para aceitar um Plano Safra com R$ 5 bilhões, se lá em 2014 nós equalizamos até R$ 13 bilhões, R$ 14 bilhões. Nós precisamos buscar orçamento e a gente busca orçamento através do diálogo e da classe política”.
RS de quatros safras três frustrações
Vice-presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Elmar Konrad, lembrou que das últimas quatro safras, três foram frustradas no estado em decorrência as condições climáticas.
“Nós temos que trabalhar com o seguro de forma mais participativa a parceria público-privada e aumentar o prêmio de subvenção, que já foi de R$ 1,5 bilhão e hoje está em R$ 900 milhões. Deveríamos criar uma posição em que o seguro teria que ser compulsório”, salientou.
Previsibilidade e segurança jurídica
Na avaliação do deputado federal Alceu Moreira (MDB/RS), as lavouras, o produtor rural, além de auxílio quanto ao momento atual da safra, necessitam de dois pontos fundamentais que são a previsibilidade e a segurança jurídica.
“Eu não posso ter fora da minha lavoura inimigos ocultos e insegurança jurídica”, frisou.