Pequenos agricultores expandem produção e contribuem para a redução do preço de alimentos na Região com acesso facilitado ao microcrédito rural
O acesso ao crédito segue como um dos principais desafios para pequenos produtores rurais no Brasil, especialmente na Região Norte, onde a agricultura familiar desempenha um papel essencial na economia local, uma vez que são os agricultores familiares, os principais responsáveis pela produção de alimentos da Região.
Outro fator relevante, dadas as dificuldades de logísticas típicas da Região Norte que tornam extremamente elevados os custos de frete na Região, quanto maior for a capacidade de produção local dos agricultores familiares da Região, mais baratos serão os alimentos para os consumidores da Região Norte e, consequentemente, menor será a inflação de alimentos.
Nesse contexto, as linhas de microcrédito voltadas ao setor agropecuário, pescadores artesanais e extrativistas têm se consolidado como ferramentas estratégicas para o desenvolvimento econômico, promovendo um ciclo virtuoso de crescimento, geração de empregos, aumento na produção de alimentos e contenção da inflação de alimentos.
Em 2024, apenas o Banco da Amazônia operava o Microcrédito Produtivo Rural na Região Norte, tendo o Banco da Amazônia, conforme os dados oficiais do Banco Central (SICOR), liberado durante todo o ano de 2024 a importância de R$ 27,4 milhões em operações de microcrédito produtivo para os Agricultores Familiares da Região.
Já o ano de 2025 começou com as operações de microcrédito produtivo rural bem mais aquecidas na Região Norte, devido à entrada da Caixa Econômica neste segmento: somente no primeiro trimestre de 2025, já forma liberados R$ 22,1 milhões em operações de microcrédito produtivo rural para os agricultores da Região Norte.
Apesar da existência de diversos programas de crédito no Brasil, o financiamento adequado ainda é um obstáculo para muitos pequenos produtores. Apenas 15% dos agricultores familiares conseguem acessar algum tipo de financiamento, segundo um estudo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Atualmente, o Brasil conta com 3,9 milhões de propriedades dedicadas à agricultura familiar, representando 77% de todos os estabelecimentos agrícolas e contribuindo com 23% do valor bruto da produção agropecuária nacional, de acordo com o Anuário Estatístico da Agricultura Familiar 2023, publicado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) 1 em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos 2 (Dieese).
Microcrédito impulsiona crescimento e inovação
Com condições facilitadas, juros reduzidos e prazos de pagamento estendidos, o microcrédito tem sido um importante aliado para pequenos agricultores que buscam expandir suas atividades.
Os recursos são frequentemente investidos na aquisição de maquinário, insumos, sistemas de irrigação e na modernização das propriedades. Além disso, a assistência técnica integrada garante um uso mais eficiente dos investimentos, ampliando produtividade e qualidade da produção.
Para José Roberto, especialista em microfinanças da instituição de pagamento Cactvs, o microcrédito não apenas fortalece as propriedades rurais, mas também impulsiona a economia regional. “Quando um pequeno agricultor obtém financiamento para melhorar sua produção, ele gera empregos na comunidade, movimenta o comércio local e fortalece a cadeia produtiva do agronegócio”, explica.
Dentro do FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte), destaca-se o Programa Agroamigo (Microcrédito Produtivo Orientado – Rural) que teve um aumento de 147% em relação aos dados anteriores.
Já no FNO (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte), o destaque neste primeiro trimestre de 2025 foi a entrada da Caixa Econômica Federal no segmento de microcrédito produtivo rural, que somente no primeiro trimestre de 2025, já liberou um volume de R$ 22,1 milhões em operações de microcrédito produtivo rural para os agricultores da Região Norte.
Impacto econômico e social na região Norte
Com a injeção na economia, os efeitos positivos se refletem em diversos setores. Além da geração de empregos diretos no campo, há um aumento na demanda por serviços e produtos nas cidades do interior, estimulando o mercado local. Pequenos comércios, cooperativas e distribuidores também se beneficiam desse crescimento, criando um ciclo sustentável de desenvolvimento.
Outro impacto relevante está na segurança alimentar da região. Com mais acesso a crédito, os produtores podem diversificar suas culturas, garantindo alimentos mais acessíveis e de melhor qualidade para a população.
Desafios e Soluções
Apesar dos avanços, ainda existem desafios a serem superados, como a burocracia no acesso ao crédito, a falta de informação sobre as linhas de financiamento disponíveis e a necessidade de maior assistência técnica aos produtores. Para enfrentar esses obstáculos, o governo e as organizações da sociedade civil têm buscado soluções como a simplificação dos processos de concessão de crédito, a realização de programas de capacitação e a oferta de assistência técnica especializada.
Para José Roberto, o futuro é promissor: “Nosso objetivo é democratizar o acesso ao crédito e apoiar o crescimento dos pequenos produtores. Com mais investimento e assistência técnica, acreditamos que a região Norte pode se consolidar como um importante polo agropecuário, gerando emprego e renda para milhares de famílias.”
O microcrédito também pode ser um importante instrumento para promover a sustentabilidade na agricultura da região Norte. Ao financiar projetos que adotam práticas agrícolas sustentáveis, como o manejo agroecológico, a conservação do solo e da água, e a utilização de energias renováveis, o microcrédito contribui para a preservação do meio ambiente e para o desenvolvimento de uma agricultura mais resiliente e ecologicamente correta.
Por Fabiano Matos.