O agronegócio no Tocantins tem passado por uma transformação significativa nos últimos anos. Se antes a gestão e a operação de propriedades rurais eram predominantemente masculinas, hoje as mulheres conquistam um espaço cada vez mais estratégico no setor. Com atuação na administração, na tomada de decisões e no trabalho de campo, elas enfrentam desafios diários e demonstram sua competência na condução das atividades agropecuárias.
Para entender melhor essa realidade, a Aprosoja Tocantins conversou com quatro mulheres associadas que se destacam na gestão de propriedades em diferentes regiões do estado: Caroline Barcellos, Bruna Gorgen, Glaucimara Verdi Moretto e Vanusse Beuter. Elas compartilharam suas experiências, os desafios superados e as mudanças que têm observado na participação feminina no agro.
Desafios e conquistas no setor rural
A presença feminina no agronegócio é marcada tanto por desafios quanto por conquistas. Caroline Barcellos, presidente da Aprosoja Tocantins e atuante na região central do estado, destaca os obstáculos enfrentados ao longo de sua trajetória e a importância da busca constante pelo conhecimento. “Os desafios que enfrentei estão mais relacionados à falta de experiência ou entendimento sobre alguns temas. Como mulher, acumulo diversas funções, o que, por vezes, gera uma sobrecarga. Mas amo ser mãe, esposa, gestora do nosso negócio, presidente da Aprosoja, amiga e atuante na comunidade”, comenta.
Ela ressalta que nunca enfrentou situações de desrespeito, assédio ou intolerância no setor e acredita que a capacitação contínua é um diferencial para fortalecer sua atuação. “Busco conhecimento e aprimoramento para ter um bom repertório de argumentação e ações”, conclui.
Na mesma região, a agricultora Bruna Gorgen destaca o impacto da tecnologia na modernização da gestão rural e no fortalecimento da atuação feminina. “A tecnologia veio para facilitar e agilizar a vida do produtor. Com seus avanços, cada vez mais mulheres se sentem motivadas a ingressar no setor, encontrando oportunidades para crescer e se firmar no agronegócio. Aqui na região, temos observado um aumento significativo da participação feminina nas atividades administrativas das fazendas, o que reforça a relevância da mulher na gestão rural”, afirma.
No centro-norte do Tocantins, a agricultora Glaucimara Verdi Moretto compartilha sua jornada de transformação ao assumir um papel ativo na gestão da fazenda. “Antes de 2015, quando ainda morava no Paraná, minha rotina era voltada para a família e a carreira de professora, com pouca participação na propriedade. A mudança para o Tocantins exigiu uma adaptação ao meio agrícola, enfrentando desafios como a falta de experiência e apoio. Com o tempo, assumi mais responsabilidades, deixei a profissão e me dediquei integralmente à administração da fazenda. Hoje, vejo minha trajetória como uma evolução. As dificuldades deram lugar à segurança e à consciência da importância da participação feminina no agro. Redes de apoio e grupos de agropecuaristas têm sido fundamentais para fortalecer nossa presença no setor”.
No sudeste do estado, Vanusse Beuter, que deixou a carreira pública para se dedicar à vida rural, relata os desafios enfrentados como mulher no agronegócio do Tocantins. “Apesar dos avanços, ainda persiste a ideia de que o agro é um setor masculino e que as mulheres não têm a mesma capacidade de ocupar esse espaço. Em diversas situações, mesmo sendo plenamente capaz, precisei recorrer ao meu esposo para intermediar negociações ou tomar decisões, simplesmente porque as pessoas não me davam a mesma credibilidade. Esse tipo de resistência ainda é comum”, afirma.
Ela também ressalta a importância das redes de apoio para mulheres no agro. “No Tocantins, temos o suporte da Aprosoja, além de iniciativas como grupos de mulheres do agro, cooperativas e associações que promovem capacitação e trocas de experiências. Movimentos como Agroligas, AMA e D@mas no Campo são essenciais para fortalecer a presença feminina no setor. Essas redes são fundamentais para compartilhar conhecimentos e aumentar a representatividade das mulheres no campo”, finaliza.
O futuro das mulheres no agro
Apesar dos desafios, todas as entrevistadas são unânimes em afirmar que o cenário para as mulheres no agronegócio tem avançado. A valorização da participação feminina, aliada a iniciativas de capacitação e à maior visibilidade do trabalho das mulheres no campo, tem contribuído para um setor mais diverso e eficiente.
“Acredito que, no futuro, veremos ainda mais mulheres ocupando espaços de liderança no agro, não apenas na gestão das propriedades, mas também em cooperativas, associações e outras instâncias estratégicas”, conclui Caroline Barcellos.
O protagonismo feminino no campo é uma realidade em expansão. A força das mulheres no agronegócio tocantinense demonstra que, além de administrar e operar propriedades rurais com excelência, elas estão transformando o setor e abrindo caminhos para as futuras gerações.
Por Ascom Aproest.