Aumento de área destinada à cultura da soja, produções recordes, incremento de produtividade. Reportagens com esses temas são comuns no agrojornalismo e têm sua importância reconhecida pelo produtor rural e por outros atores do setor.
Afinal de contas, tratam-se de matérias que mostram superação, resiliência e aplicação de tecnologias sustentáveis que transformaram o Brasil no maior produtor mundial do grão.
No entanto, quem não é do meio, costuma perguntar: “Mas para que tanta soja? Quem come soja?”. Questionamentos desse tipo são comuns nas redes sociais e grupos.
Por conta disso, além da importância econômica da commodity – sozinha, ela é responsavel por cerca de 40% das exportações do agronegócio nacional, gerando mais de 30 bilhões de dólares por ano em divisas ao país – é importante mostrar como a soja está presente em uma infinidade de produtos, até mesmo no chiclete que você pode estar mascando neste momento.
Para que serve a soja?
A soja representou quase 50% da safra de grãos na safra 2023/24. Seu óleo é amplamente utilizado na culinária e o principal composto do biodiesel, combustível essencial à redução de gases de efeito estufa (GEE). Já o farelo serve como poucos na composição de ração animal para nutrição de aves, suínos e bovinos.
Contudo, há um ingrediente da soja encontrado nas gôndolas de qualquer supermercado. Basta olhar na lista de ingredientes de grande parte das embalagens de alimentos para encontrá-la: a lecitina de soja.
A substância naturalmente extraída da oleaginosa é aproveitada em diversas indústrias por conta de suas propriedades emulsificantes e estabilizantes. Isso significa que ela permite a mistura de elementos que não combinariam sem ela, como óleo e água, por exemplo.
A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) destaca que a lecitina proveniente da soja contribui para a qualidade e a consistência dos alimentos.
Do chocolate ao molho de salada/
A lecitina de soja atua para que ingredientes como farinhas, açúcares, óleos e leveduras fiquem homogêneos, garantindo uniformidade e elasticidade às massas, o que facilita o processamento dos produtos.
“O ingrediente é utilizado principalmente na panificação de pães, bolos, biscoitos, tortas, recheios e massas em geral, chocolates, sorvetes, margarinas, leite em pó, confeitos, entre outros. A maioria das indústrias de alimentos adquirem a lecitina de empresas que processam a soja”, diz a Abia, em nota.
Veja exemplos de aplicação:
- Chocolates e confeitos: atua na melhoria da textura e viscosidade, facilitando o processamento e o manuseio, proporcionando uma consistência uniforme.
- Produtos de panificação: contribui para a textura e umidade de pães, bolos, biscoitos e tortas. Assim, prolonga a vida útil dos produtos e os mantém macios e frescos por mais tempo.
- Margarinas e gorduras: garante uma mistura homogênea de água e óleos, resultando em uma textura estável e agradável.
- Sorvetes: proporciona uma emulsificação eficiente, resultando em uma textura suave e cremosa, prevenindo a formação de grandes cristais de gelo.
- Molhos e condimentos: facilita a mistura de ingredientes aquosos e oleosos, melhorando a textura e a aparência de produtos como maionese e molhos para saladas.
- Bebidas à base de plantas: mantém a estabilidade das misturas, evitando a separação dos componentes, o que garante consistência homogênea.
- Produtos dietéticos e nutricionais: melhora a dispersão de ingredientes, proporcionando uma textura homogênea e facilitando a incorporação de ingredientes ativos.
- Bebidas instantâneas em pó: facilita a dispersão uniforme dos ingredientes em pó, permitindo a reconstituição de bebidas homogêneas.
- Lanches rápidos (snacks) e alimentos processados: melhora a textura e a estabilidade, proporcionando uma experiência sensorial superior e prolongando a vida útil dos produtos.
Por Victor Faverin/Canal Rural.