Por Daniela Walzburiech — Florianópolis
Araçatuba, no interior de São Paulo, tem 200 mil habitantes, é conhecido nacionalmente por ser a “Capital do Boi Gordo”. Hoje, a pecuária está entre as principais atividades econômicas da região, mas acredite: nem sempre foi assim.
No surgimento da cidade, em fevereiro de 1922, o algodão era a principal fonte de renda da região. O boi gordo só ganhou espaço após a crise na cotonicultura, a partir de 1940. Nessa época, as lavouras deram lugar às pastagens para criação bovina de corte.
A história
O título de “Capital do Boi Gordo” foi dado na década de 60, quando pecuaristas de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás resolveram mudar a estratégia durante o deslocamento das boiadas ao perceber que os animais emagreciam muito.
Assim, ao fazerem invernadas pela região, Araçatuba, aos poucos, transformou-se no maior centro produtivo de gado ao ser escolhida como local de repouso e engorda dos rebanhos.
Era na Praça Rui Barbosa — a Praça do Boi —, ponto turístico da cidade, que as negociações de compra e venda dos animais aconteceram por mais de 30 anos.
Por ser referência na atividade rural, inaugurou, inclusive, uma agência do Conselho Nacional para o Desenvolvimento da Pecuária (Condepe), o que possibilitou a abertura de um canal direto com o Governo Federal para obter crédito e fazer o setor crescer ainda mais.
Mudança de rota
Por anos a principal atividade no interior de São Paulo, a pecuária viu a expansão da cana-de-açúcar proporcionar mais rendimentos, e os pecuaristas deslocaram-se para o Centro-Oeste.
Em 2000, por exemplo, o rebanho bovino era de 1,8 milhão em Araçatuba. Já em 2007, com o processo em ação, o número caiu para 1,5 milhão. Atualmente, são 300 mil cabeças, segundo Thomas Rocco, presidente do Sindicato Rural da Alta Noroeste (Siran).
“Apesar da diminuição, a pecuária não perdeu o seu espaço, pois logo depois do ciclo da cana, começou um trabalho muito forte. Os principais criadores da raça Nelore, que é a grande parte do rebanho nacional, são produtores aqui de Araçatuba. Eles passaram a investir em genética bovina”, destacou.
Mesmo levando os rebanhos para outras regiões do país a fim de realizar o manejo em terras mais baratas, os pecuaristas retornam à cidade para o abate ou interessados na parte genética.
“Continuamos com o título de ‘Capital do Boi Gordo’, mas agora de uma forma mais moderna e com mais valor agregado. Os animais voltam para valorizar a arroba. Então, a gente continua de braços dados com a pecuária”, completa.
O presente
A “Capital do Boi Gordo” vê a genética com bons olhos. Atualmente, Araçatuba possui laboratórios de estudos, laboratórios com animais à mostra, centrais que vendem animais para o Brasil, faculdades e diversas instituições envolvidas no processo e que fomentam a cadeia da pecuária.
A cidade também promove festas e exposições. A mais tradicional é a Expô Araçatuba, que já está na 61ª edição. O evento apresenta a cada ano o melhor da genética bovina, além de organizar leilões e shows nacionais.