Um ano após a queda da Ponte JK, na BR-226, entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), familiares das vítimas ainda aguardam respostas. Durante a tragédia, 18 pessoas e vários veículos caíram no Rio Tocantins. Três vítimas seguem desaparecidas e uma pessoa sobreviveu. A nova estrutura foi inaugurada nesta segunda-feira (22).
Victor Gabriel Ribeiro convive com a dor da perda. Ele é filho de Alessandra do Socorro Ribeiro, de 40 anos, e de Salmon Alves Santos, de 65 anos, que segue desaparecido. O casal viajava com o neto Felipe Giuvannuci Ribeiro, de 10 anos, também desaparecido.
“Toda situação foi algo muito repentino. Em um momento você está se despedindo, depois eles vão visitar alguém, visitar um parente, e no outro você perdeu sua família inteira e não conseguiu recuperar os corpos em um ano. Então é um sentimento confuso e angustiante”, disse Victor.
Para Victor, a inauguração da nova ponte no mesmo dia da tragédia é um contraste doloroso. “Vão ter pessoas comemorando a construção de uma ponte que demorou um ano, enquanto nesse ano nada aconteceu para tentar justificar, encontrar culpados. Minha família morreu e nada aconteceu para honrar a morte”, afirmou.
Durante a inauguração da nova ponte, o ministro dos Transportes, Renan Filho, falou sobre as indenizações para as vítimas do desabamento. “Dnit já está preparado para fazer a indenização, mas a checagem do valor de cada vítima porque não só pessoas, tem as pessoas, tem propriedade que estão sendo reivindicadas. Então, assim que o devido processo legal for cumprido, for aferido o valor, a gente fará a indenização completa de todos”, afirmou à TV Anhanguera.
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Filho cobra resposta sobre desaparecimento da mãe em desabamento de ponte — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
A cerimônia de inauguração da nova ponte contou com a presença do ministro dos Transportes, Renan Filho, e dos governadores do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), e do Maranhão, Carlos Brandão (PSB).
O corte de uma fita foi realizado no meio da estrutura por volta de 12h. Depois, a comitiva seguiu para uma estrutura montada em Estreito, onde foi ralizada a cerimônia oficial de inauguração.
A celebração causou um misto de sentimentos. “É um sentimento de crueldade. No mesmo dia em que eu perdi minha família inteira nessa própria ponte, ir lá e comemorar, como se fosse um momento festivo, um aniversário de alguém. Não, foi só a morte de várias pessoas. Não só da minha família, mas de todas que estavam lá”, comentou Victor.
Investigações paradas e famílias sem respostas
O colapso da Ponte Juscelino Kubitschek ocorreu por volta das 14h50 de domingo, 22 de dezembro de 2024, quando o vão central da estrutura cedeu. O laudo da Polícia Federal apontou que o colapso foi causado pelo excesso de peso aliado à falta de manutenção. O documento também indicou omissão de agentes públicos.
Apesar disso, não houve indiciamentos ou prisões, e o inquérito segue sem previsão de conclusão. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) abriu sindicância, mas não apresentou resultados.
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Vista aérea de ponte que desabou entre MA e TO — Foto: Reprodução/TV Globo
O Ministério Público Federal investiga os danos ambientais causados pela queda de caminhões com produtos tóxicos no rio.
Pelo menos oito veículos, incluindo motos, carros, caminhonetes e quatro caminhões, afundaram na água, sendo que três deles carregavam substâncias perigosas como ácido sulfúrico e defensivos agrícolas.
O trabalho de retirada dos veículos e dos galões de produtos químicos ainda não foi finalizado. A Marinha informou que não é responsável pela retirada dos produtos químicos. O g1 questionou o Dnit, mas não houve retorno até a última atualização desta reportagem.
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Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira após desabamento — Foto: Francisco Sirianno/Grupo Mirante
Por Anne Acioli, Brenda Santos, g1 Tocantins, TV Anhanguera.


















