Tocantinópolis sediou, na última terça-feira (06/08), uma importante reunião entre produtores rurais, gestores municipais e representantes de entidades de classe da região do Bico do Papagaio para discutir os impactos do Zoneamento Ecológico-Econômico do Tocantins (ZEE-TO). O encontro foi realizado no auditório da Agronorte, a convite da Associação dos Produtores Rurais do Bico do Papagaio (ProBico).
Durante a reunião, foi apresentada uma análise técnica do projeto de lei do ZEE pelo engenheiro agrônomo João Victor Galvão, da empresa Cerrados Florestal. Ele destacou a importância de compreender as diferentes zonas que compõem o estudo e seus impactos econômicos e ambientais.
“Hoje a gente teve a possibilidade de apresentar diversas zonas, a importância de conhecer essas zonas que compõem o estudo do zoneamento e apresentar os possíveis impactos e restrições ambientais e econômicas que podem vir com esse projeto de lei, que ainda está em andamento”, afirmou.
O presidente da ProBico, Luciano Vilela, reforçou a necessidade de maior conhecimento público sobre o tema e questionou critérios técnicos utilizados na proposta atual do zoneamento:
“O atual ZEE propõe classificações como a ZDI, que delimitam zonas como classe 8 de capacidade de uso do solo. Sabemos que essas áreas não representam nem 2% do Estado. Estudos da própria Embrapa apontam que cerca de 80% do Tocantins está no grupo A, com maior aptidão para uso agropecuário. Mas o ZEE apresentado restringe isso a 41%”, alertou.
O encontro contou com a presença do presidente do Sindicato Rural de Araguaína, Wagner Borges, do vice-presidente, Paulo Sérgio Araújo, e de diretores da entidade. Para Wagner, a mobilização da sociedade é essencial diante de uma proposta que pode comprometer o desenvolvimento do Estado.
“Foi uma reunião muito positiva, com ampla representatividade. O produtor rural é o maior preservador do Brasil. Preservamos 66% do território nacional, sendo 33% dentro das propriedades rurais. Não precisamos de mais uma lei restritiva baseada em dados defasados da década de 1990, que ignoram os avanços tecnológicos e ambientais da agricultura atual. Precisamos de um plano diretor que nos ajude a avançar no desenvolvimento”, afirmou o presidente do SRA.
O diretor da Agronorte, Gilmar Carvalho, também destacou os possíveis prejuízos da proposta para o município de Tocantinópolis.
“Hoje, 60% do território de Tocantinópolis é reserva indígena. Com o ZEE da forma como está, perderíamos o restante do município, inclusive a viabilidade econômica da cidade. Temos três indústrias no município que seriam diretamente impactadas.”, afirmou.
A reunião reuniu ainda representantes do Sindicato Rural de Tocantinópolis, representantes da Prefeitura da Câmara de Araguaína, prefeitos e secretários municipais de diversas cidades da região do Bico do Papagaio e representantes de entidades ligadas ao agronegócio e produtores rurais.
Debate continua: reunião em Araguaína
A discussão sobre os impactos e propostas de alteração do ZEE-TO continua na próxima terça-feira, 13 de agosto, às 14h, no Tatersal do Parque de Exposições Dair José Lourenço, em Araguaína. O encontro pretende reunir produtores, autoridades e representantes do setor produtivo para formalizar sugestões que serão encaminhadas à Assembleia Legislativa do Tocantins.
Por Ascom SRA.