O agronegócio brasileiro é, sem dúvida, um dos principais motores da economia nacional, representando uma fatia significativa do PIB e posicionando o Brasil como líder global na exportação de commodities. No entanto, com a expansão do setor e a crescente pressão por eficiência e competitividade, a terceirização tem se tornado uma ferramenta estratégica para os produtores rurais. Mas, em um setor tão dinâmico, é preciso questionar: a terceirização é realmente uma solução econômica ou pode comprometer a sustentabilidade do trabalho no campo?
A terceirização oferece vantagens inegáveis. Ela permite ao produtor rural reduzir custos fixos e ajustar a força de trabalho às demandas sazonais, como plantio e colheita. Além disso, a contratação de empresas especializadas eleva o nível técnico de diversas operações, seja na aplicação de tecnologias avançadas, no transporte ou manejo de máquinas agrícolas. Nesse sentido, a prática tem sido vista como um mecanismo de modernização do setor, contribuindo para a profissionalização e para a eficiência da produção.
No entanto, o modelo também levanta preocupações importantes, especialmente quando analisado sob a ótica das relações trabalhistas. A terceirização, quando mal-conduzida, pode resultar em salários mais baixos, falta de acesso a direitos básicos e maior rotatividade no mercado de trabalho rural. Além disso, produtores que optam por empresas terceirizados sem realizar uma devida diligência podem enfrentar problemas legais e de reputação, comprometendo o próprio negócio. Em um setor que depende diretamente da força de trabalho, negligenciar esses aspectos pode ser um erro estratégico.
Portanto, o futuro da terceirização no agronegócio dependerá de um equilíbrio entre eficiência operacional e responsabilidade social. O produtor rural que deseja crescer de forma sustentável precisa enxergar a terceirização como uma parceria estratégica e não como uma simples ferramenta de redução de custos. Isso exige contratos bem estruturados, a escolha de parceiros éticos e o compromisso com práticas que valorizam a dignidade no trabalho. No agronegócio, como em qualquer grande negócio, a produtividade e a sustentabilidade caminham juntas — e é essa visão que garantirá o sucesso a longo prazo.
Por Paulianna Barbosa (OAB/GO 71.994), graduada em Direito pelo Centro Universitário de Goiatuba – UniCerrado e Pós – graduanda em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho.