Por Globo Rural — São Paulo
A parceria entre pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, apresentou um resultado inédito: a produção de insulina humana no leite de uma vaca geneticamente modificada.
A pesquisa promissora e publicada na revista Biotechnology Journal neste mês de março destaca a descoberta do hormônio importante no tratamento de pacientes com diabetes, doença que acomete milhares de pessoas em todo o mundo.
Em 2021, segundo o estudo, 537 milhões tinham a enfermidade. Até 2045, o número deve aumentar para 783 milhões.
No processo, os cientistas inseriram em células bovinas o segmento de DNA humano responsável por codificar a proteína da forma ativa da insulina. Junto, embriões foram implantados em vacas receptoras, o que resultou no nascimento de um animal transgênico.
Os pesquisadores tentaram que este engravidasse ao chegar no período de maturidade, mas todas as alternativas — inseminação artificial, fertilização in vitro e acasalamento natural — não foram bem-sucedidas.
Então, induziram a lactação de forma hormonal e, após 21 dias, iniciaram a coleta das amostras até completar um mês.
O estudo informa que a quantidade de leite produzida pela vaca transgênica era pouca, mas o suficiente para analisar quais proteínas estariam presentes a partir das técnicas de Western Blotting e Espectrometria de Massa.
Os resultados da primeira indicaram duas bandas distintas encontradas no leite da vaca transgênica e não observadas em animais normais: massa molecular aproximada de pró-insulina e insulina humana, “o que sugeria a presença da proteína recombinante, com possível conversão de pró-insulina em insulina”.
Para confirmar que o leite estava com insulina na composição, usaram a técnica da Espectrometria de Massas. A análise mostrou a presença do peptídeo C da insulina humana, que difere da bovina.
“A utilização de animais transgênicos como biorreatores para produção de proteínas de interesse farmacêutico tem sido proposta como uma alternativa eficiente para aumentar a produção de proteínas e, ao mesmo tempo, diminuir custos”, descreve o estudo.