Por: UOL
Um técnico de informática que prestava serviços à PF (Polícia Federal) está preso desde dezembro, suspeito de desviar pelo menos R$ 11 milhões por meio de fraude no programa “Desarma”, do Ministério da Justiça e Segurança Pública. As informações são do Fantástico, da TV Globo.
O que aconteceu
Tiago Mantognini utilizava a senha de um policial federal para forjar devoluções de armas e desviar o pagamento por elas, segundo a reportagem. O Desarma foi criado em 2011 e paga indenização a quem devolver armas de fogo voluntariamente para serem destruídas.
O suposto golpista teria aplicado o golpe mais de 27 mil vezes. Isso representa mais de 75% de todas as devoluções registradas no estado de São Paulo, informou o Fantástico.
Mantognini está preso preventivamente no interior de SP. Ele está no Centro de Detenção Provisória de São José do Rio Preto.
A defesa alega que ele reconhece parte dos crimes apontados e que se compromete a colaborar integralmente com as autoridades. Os advogados do técnico de informática argumentaram ainda que a senha do policial pode ter sido usada também por outras pessoas.
O servidor começou a prestar serviço à PF em 2009, e o golpe teria começado em 2013, quando ele deixou a instituição. Porém, a Secretaria Nacional de Segurança Pública só reúne os dados sobre o suposto golpe de janeiro de 2018 a dezembro de 2022.
Como esquema foi descoberto
O suposto golpe só foi revelado após o início das investigações, em janeiro do ano passado, quando a senha usada por Mantognini foi bloqueada. Ele ligou para a PF de um celular pessoal para pedir o desbloqueio, se passando pelo policial dono da senha, e foi descoberto.
Em um áudio obtido pelo Fantástico, o policial responsável pela senha diz: “A única pessoa que conhece minhas senhas e tem acesso ao meu celular é você”.
PF investiga como o técnico de informática conseguiu o login e qual foi o valor total embolsado. Também apura a possível participação do policial no esquema criminoso.
Ministério da Justiça disse que vai fazer correções no sistema. Atualmente, o voluntário que decide devolver a arma não precisa de identificação, nem é exigido o número de série. Ao devolver, é gerado um voucher que dá direito a sacar o dinheiro da indenização no banco.
Mansão e carros de alto padrão
Mantognini teria comprado, com o dinheiro desviado, uma mansão avaliada em R$ 2 milhões em Rio Preto, segundo o Fantástico. Ele também tinha carros de alto padrão, fazia viagens de helicóptero a pontos turísticos, além de manter coleções de armas e vídeo games de última geração.
O delegado Gustavo Gomes informou que o técnico tinha uma empresa de informática de fachada. “Junto à Receita Federal ele não fez nenhuma declaração desses valores que recebeu. A empresa dele, nos últimos cinco anos, não emitiu uma nota fiscal. Era uma empresa inativa”, relatou à Globo.
As investigações apontam que Mantognini passou a viver mais recluso na cidade nos últimos anos. Ele só saía de casa para fazer saques nos bancos e instalou 72 câmeras na rua onde morava — equipamento capaz de fazer reconhecimento facial e de placas de veículos.
A PF espera recuperar cerca de 40% do que foi desviado dos cofres públicos. O suposto golpista começou a se desfazer do dinheiro e dos bens assim que o seu acesso ao sistema do “Desarma” foi bloqueado. A previsão da PF é encerrar o inquérito ainda em neste mês.