Por José Florentino — São Paulo
Os contratos futuros do milho para maio, os mais negociados na bolsa de Chicago, caíram 0,11% nesta quarta-feira (20/3), a US$ 4,39 por bushel.
Alan Suderman, da StoneX, diz que os traders de grãos estão voltando sua atenção para os relatórios trimestrais do USDA sobre estoques e intenções de plantio, previstos para 28 de março.
“Ambos os relatórios são conhecidos por suas surpresas que movimentam o mercado, o que faz com que os gestores de fundos mantenham grandes posições vendidas”, disse em um relatório obtido pela Dow Jones Newswires.
O mercado de milho também está começando a sentir a pressão da oferta recorde americana e da previsão de um aumento da produção europeia em 2024/25.
A decisão da China de permitir o plantio de 27 novas variedades de milho transgênico e o início da colheita na Argentina, embora agora desacelerada pelo excesso de umidade que afeta grandes áreas agrícolas, também colaboram para o cenário de baixa.
No lado financeiro, os investidores estão de olho na “Super Quarta”, dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) divulga os juros no Brasil e o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) divulga informações sobre sua política monetária nos EUA. Assim, os investidores seguem cautelosos e com posições retraídas e os indicadores técnicos dominam os pregões.
Para o Brasil, as sinalizações são de mais um corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros. Nos EUA, o mercado espera por uma manutenção nos percentuais entre 5% e 5,5%.
Trigo
No mercado de trigo, os papéis para maio recuaram 1,36%, a US$ 5,45 por bushel.
Luiz Pacheco, analista da T&F Consultoria Agroeconômica, afirma que o mercado está repleto de elementos que deverão manter a tendência de baixa para o cereal.
“As exportações americanas [de trigo] estão 35% abaixo da média dos últimos cinco anos, ao passo que analistas estão esperando mais uma safra robusta para a Rússia na próxima temporada. Isso deve segurar os preços do trigo também em 2025”, prevê.
De acordo com a Granar, o Egito abriu um novo concurso internacional para comprar trigo, e das 34 ofertas recebidas, 22 foram russas.
Também pesa nas cotações a desvalorização do euro em relação ao dólar, o que reduz a competitividade do trigo americano quando comparado ao cereal europeu.
Soja
Depois de duas sessões consecutivas de queda, os contratos futuros da soja, os mais negociados na bolsa de Chicago, subiram 2,02% hoje, a US$ 12,095 por bushel.
A consultoria Granar afirma que o movimento de alta reflete compras de oportunidade por parte de dois investidores e um momento favorável aos preços do farelo, com a lentidão das vendas argentinas. No entanto, o movimento de alta encontra resistência na oferta brasileira.
A Associação dos Exportadores de Cereais (Anec) projeta que o país deve exportar 2,13 milhões de toneladas de soja este mês, acima das 1,81 milhão de toneladas embarcadas em março de 2023.