A insegurança alimentar alcançou 64,2 milhões de lares brasileiros em 2023, o equivalente a três em cada dez domicílios, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C), divulgada pelo IBGE nesta quinta-feira, 25 de abril. Houve queda em relação ao levantamento anterior, mas os dados ainda são vistos com preocupação pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, movimento composto por mais de 390 organizações, entre entidades do agronegócio, empresas e ONGs.
A Coalizão Brasil destaca que o país é líder global dos mercados de soja e proteína animal, e um dos quatro maiores produtores de milho, frutas e grãos. Diante de tamanho potencial agropecuário, a elevada proporção de famílias em situação de insegurança alimentar é “inconcebível”, como definiu no documento “O Brasil que vem”, enviado a governos e parlamentares empossados após a eleição de 2022
O movimento sublinha que, segundo o IBGE, o quadro é mais grave na área rural, onde 34,5% dos domicílios conviviam com insegurança alimentar em 2023. Este cenário demonstra a importância de se destinar financiamentos para pequenos produtores e agricultores familiares. Entre as iniciativas estimuladas pela Coalizão Brasil estão a oferta de assistência técnica e extensão rural e a concessão de crédito para produtores interessados em adotar tecnologias sustentáveis.
“É preciso reforçar os investimentos no apoio à agricultura familiar como provedora de alimentos ao mercado, impactando positivamente o bem-estar dessas famílias”, avalia Rodrigo Castro, membro do Grupo Estratégico da Coalizão Brasil e diretor da Fundação Solidaridad Brasil. “A forma mais efetiva de reduzir a insegurança alimentar em nosso país é diminuir a desigualdade social.”
Ainda assim, houve uma redução nos índices de insegurança alimentar em relação ao último levantamento sobre o tema preparado pelo IBGE, a POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) 2017-2018. À época, 36,7% dos lares brasileiros registravam insegurança alimentar. O IBGE atribui a melhoria dos índices ao investimento em programas sociais, recuperação econômica e preço dos alimentos.
“O avanço na segurança alimentar constatado pela pesquisa é importante e significativo. É resultado de um processo de recuperação e da queda do desemprego no país”, avalia Rodrigo Castro.
As regiões mais afetadas pela fome no Brasil são Nordeste com 40,3% dos lares em situação de insegurança alimentar, Norte com 34,1%, Sudeste com 26,3%, Sul com 23,2% e Centro-Oeste com 22,5%.
No ranking, o Pará liderou os estados com restrição no acesso à alimentação adequada, seguido por Amapá, Sergipe e Maranhão. Do outro lado da análise, Santa Catarina, Paraná, Rondônia e Espírito Santo estão entre os locais com acesso mais regular à alimentação esperada para o país.
Por Coalizão Brasil.