Por Rafael Walendorff e José Florentino — Brasília e São Paulo
A China deve habilitar até o fim deste mês cerca de 20 frigoríficos brasileiros para exportar carnes ao país, disseram três fontes graduadas da indústria. Segundo duas delas, a previsão das autoridades brasileiras é que a decisão seja tomada até sábado (3/02). A terceira fonte disse que o país deve esperar o fim do Ano Novo Chinês, festividade que vai de 10 e 17 de fevereiro.
Segundo o Ministério da Agricultura, os chineses auditaram 44 plantas nos últimos dois meses. Na fila, há plantas de companhias que já exportam à China por meio de outras unidades e de empresas que poderão estrear nesse mercado.
“A expectativa é que [sejam habilitadas] ao redor de 20 [unidades], sendo a maioria de bovino, auditadas presencialmente em dezembro e online este mês”, disse uma fonte da indústria.
Alcides Torres, dono da Scot Consultoria, afirmou que as novas habilitações tendem a impedir um aumento do preço da tonelada exportada para a China e, consequentemente, da arroba do boi gordo que atende o mercado chinês. No entanto, a habilitação de frigoríficos no interior do país pode elevar os preços pagos por “bois China” nessas regiões em momentos de oferta limitada.
A abertura do mercado chinês para mais empresas também pode ter um efeito importante em eventual consolidação do setor. Isso porque companhias exportadoras tendem a se fortalecer economicamente por receberem em dólar e, assim, se distanciam daquelas que atendem apenas o mercado interno. “Para os chineses, que também vivem a sinuca de ter poucos fornecedores, é um fator positivo”, afirmou Torres.
Em entrevista recente, o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa, afirmou que, se metade das plantas auditadas fosse habilitada, seria um recorde. Os relatórios técnicos das vistorias já foram enviados pelos chineses ao governo brasileiro e às empresas inspecionadas para correções. “A auditoria é para apontar os mínimos detalhes e para que eles sejam equacionados”, disse.
Há uma grande expectativa do lado brasileiro para o avanço das relações bilaterais com a China, que completam 50 anos em 2024. O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, deve ir a Pequim no meio do ano e o presidente chinês, Xi Jinping, virá ao Brasil para reuniões do G20.
O Brasil articula a revisão do protocolo sanitário para a ocorrência da doença “mal da vaca louca”. A intenção é evitar que o comércio de carne bovina seja interrompido em caso de identificação de casos atípicos da doença, que não causam riscos sanitários, como ocorreu em 2023.