Por Stefani Cavalcante, g1 Tocantins
Suspeito de chefiar uma rede de tráfico internacional, João Soares Rocha está preso em Palmas. Ele é investigado por vários crimes, incluindo homicídio, que teriam acontecido entre 2018 e 2020. Na semana passada, ele foi encontrado pela Polícia Federal em Ponta Porã (MS) após ficar quatro anos foragido.
Veja abaixo o que se sabe sobre as investigações contra João Soares Rocha. O g1 não conseguiu contato com a defesa dele.
Quem é João Soares?
João Soares Rocha, de 67 anos, é empresário e dono de fazendas, aviões, postos de combustíveis e até um hangar. Seu negócio era voltado a criação de gados. Ele foi preso pela primeira vez em 2019, durante Operação Flack, apontado chefe da quadrilha.
Depois de ser solto ele ficou foragido por quatro anos e acabou sendo preso novamente no dia 21 deste mês. Ele é natural de Carmo do Paranaíba (MG) e tio do piloto Felipe Rocha Reis, que morreu em Goiânia após uma queda de avião no Pará.
Pelo que ele é investigado?
João Soares Rocha é suspeito de chefiar um grupo de tráfico internacional de drogas. O grupo criminoso começou a ser investigado em 2018 depois que uma aeronave com 300 quilos de cocaína foi apreendida em Formoso do Araguaia. Ele também deve responder por lavagem de dinheiro, tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico internacional e homicídio de um ex-policial federal.
Esquema usava aviões e até submarino
PF realiza operação contra o tráfico internacional de drogas — Foto: Divulgação
As investigações da Polícia Federal apontaram que a quadrilha chegou a usar 47 aviões adulteradas no esquema. Segundo a polícia, entre 2017 e 2018, mais de 9 toneladas de cocaína foram transportadas em 23 voos. O grupo utilizava pistas de pouso em Palmas e em Porto Nacional, no Tocantins, como ponto de apoio para movimentar as drogas.
Na época a polícia informou que a rota do transporte de drogas passava pelos países produtores (Colômbia e Bolívia), países intermediários (Venezuela, Honduras, Suriname e Guatemala) e países destinatários (Brasil, Estados Unidos e União Europeia).
Drogas era transportadas para países da América Latina e Estados Unidos — Foto: Reprodução/Jornal Hoje
O esquema teria utilizado até um submarino para transportar as drogas, que poderia levar até 7 toneladas em cada viagem.
Como ganhou liberdade e ficou foragido
Dólares foram apreendidos pela polícia durante operação — Foto: PF/Divulgação
Durante a Operação Flack, realizada em fevereiro de 2019, João Soares foi preso na cidade de Tucumã, no Pará. O suspeito de chefiar a rede de tráfico foi transferido para Palmas (TO), onde prestou depoimento na sede da Polícia Federal e depois foi encaminhado à Casa de Prisão Provisória da capital.
Em julho do mesmo ano, ele foi solto após receber habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. Na época a defesa recorreu ao TRF, após ter pedido de liberdade negado duas vezes pela Justiça no Tocantins. Ele teve que pagar uma fiança de cinco salários mínimos.
A Polícia Federal informou que após sair da cadeia João Soares teria encomendado a morte de um ex-policial em Goiás. Após ser emitido mandado de prisão ele passou a ser considerado foragido e entrou na lista de procurados da Polícia Internacional, em 2020.
É suspeito de encomendar assassinato
Ex-policial federal foi morto a tiros — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Em 2020, João passou a ser investigado por supostamente mandar matar o ex-policial federal e advogado, Sílvio José Dourado. O crime aconteceu em Goiânia. A suspeita é que o crime teria sido motivado por ciúmes, pois sua ex-mulher estaria tendo um relacionamento com a vítima.
O ex-policial foi alvejado com vários disparos dentro de seu carro. O suspeito contratado disse aos policiais que iria receber R$ 20 mil pelo crime.
Como foi a prisão e a transferência?
Reproduzir vídeo
Reproduzir
00:00/00:47Silenciar somMinimizar vídeoTela cheia
Suspeito de chefiar esquema de tráfico internacional foi transferido para Palmas
João Soares foi preso em Ponte Porã, no Mato Grosso do Sul na última quinta-feira (21). Ele foi encontrado em uma casa que estava em obras na cidade e durante abordagem apresentou documentos falsos aos federais. O suspeito chegou a contar em interrogatório que tinha comprado a identidade no Paraguai por R$ 12 mil.
Por estar foragido, João Soares chegou a mudar a aparência para se disfarçar. No momento da prisão ele foi visto usando um boné, óculos e bigode. Na manhã de domingo (24), João chegou em Palmas em um voo da Polícia Federal e foi levado para a sede da PF, sob forte escolta policial.
Onde vai ficar preso
João Soares foi levado para a sede da Polícia Federal em Palmas — Foto: Wilton Medeiros/TV Anhanguera
A audiência de custódia foi feita na semana passada, logo após a prisão, pela Justiça Federal no Mato Grosso do Sul. Segundo a Polícia Federal, João Soares está na Unidade Penal de Palmas.
O g1 solicitou informações à justiça para saber se João foi indiciado ou denunciado por algum dos crimes em que é investigado, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.