Os hospitais públicos do Tocantins estão à beira de um colapso. A partir do dia 30 de outubro, os médicos anestesiologistas que atuam na rede estadual podem suspender todos os atendimentos eletivos, incluindo cirurgias e mutirões, por falta de pagamento por parte do Governo do Estado. A decisão foi comunicada oficialmente pela Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Tocantins (Coopanest/TO) em ofício encaminhado ao secretário de Estado da Saúde, Vânio Rodrigues de Souza, e às direções de todos os hospitais estaduais no dia 22 de outubro.
A medida, caso confirmada, deve agravar uma crise já existente na saúde pública tocantinense, marcada por longas filas de espera que se arrastam há anos, hospitais superlotados e profissionais sobrecarregados. Sem anestesiologistas, os centros cirúrgicos ficarão praticamente paralisados, comprometendo o atendimento de pacientes que aguardam por cirurgias ortopédicas, ginecológicas, oncológicas e outras de média e alta complexidade.
Segundo o documento enviado pela Coopanest/TO, serão mantidos apenas os atendimentos de urgência e emergência, enquanto todos os procedimentos eletivos e mutirões cirúrgicos, inclusive os do Programa de Aprimoramento da Gestão Hospitalar (PAGH-Cirúrgico), serão suspensos.

“Mesmo após a notificação formal encaminhada há mais de 10 dias à Secretaria da Saúde, não houve qualquer definição sobre a regularização dos pagamentos. A situação se tornou insustentável”, afirma a cooperativa no ofício.
Dívida milionária e promessa não cumprida
A dívida do Governo do Tocantins com os anestesiologistas já ultrapassa R$ 25,5 milhões, referente a serviços prestados ao longo de 2025. De acordo com a Coopanest/TO, o último repasse ocorreu no dia 3 de outubro, cobrindo apenas valores de fevereiro deste ano. Desde então, não houve novos pagamentos nem um cronograma oficial de quitação.
Após o alerta inicial, os profissionais decidiram manter temporariamente os atendimentos, apostando em uma promessa de regularização feita pela gestão do governador Laurez Moreira (PSD). No entanto, sem retorno concreto da Secretaria da Saúde, foi dado um último prazo de cinco dias úteis para apresentação de um plano de pagamento, prazo que vence nesta semana.
Caso o governo não apresente uma solução imediata, os anestesiologistas adiantam que reduzirão os serviços a partir do dia 30, mantendo apenas os procedimentos de urgência e emergência, o que deve provocar uma paralisação generalizada das cirurgias eletivas em hospitais de referência como o HGP (Hospital Geral de Palmas), Hospital Regional de Araguaína e Hospital Regional de Gurupi.


Risco de caos na rede hospitalar
A interrupção desses atendimentos pode provocar um efeito dominó em toda a rede estadual. Além de aumentar a fila de pacientes à espera de cirurgia, a suspensão dos mutirões pode comprometer metas e programas de redução de filas. A paralisação também pode sobrecarregar ainda mais os plantonistas e equipes de emergência, que já enfrentam alta demanda e falta de recursos.
Governo ainda não se manifestou
Até o momento, a Secretaria de Estado da Saúde não se pronunciou oficialmente sobre o ofício da Coopanest/TO nem sobre o montante devido. A cooperativa reforça que a notificação extrajudicial enviada ao Estado tinha como objetivo evitar maiores prejuízos aos pacientes e permitir tempo hábil para uma solução administrativa, o que, até agora, não ocorreu.
Com a possibilidade de paralisação total das cirurgias eletivas, o Tocantins corre o risco de enfrentar, nos próximos dias, um grande colapso na rede hospitalar, com impacto direto na vida de milhares de pacientes que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS).
Por AF Notícias.















