Iniciativa visa estabelecer procedimentos para a reabilitação de aves silvestres no Tocantins que chegam ao CEFAU
O objetivo da pesquisa desenvolvida por estudantes e docente do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Católica do Tocantins (UniCatólica) visa garantir a saúde e o bem-estar de araras e papagaios resgatados no Tocantins. O estudo vem sendo realizado no UniCatólica e no Centro de Fauna do Tocantins (CEFAU), em parceria com o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), fruto de um acordo de cooperação técnica, e com o apoio de duas bolsas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (FAPT), que busca aprimorar o manejo sanitário de aves silvestres em processo de reabilitação e soltura.
A iniciativa surgiu a partir do estágio da estudante Ana Gabrielle Peres no CEFAU, onde ela passou a observar a rotina de atendimento aos psitacídeos, como araras e papagaios. “Percebi que, apesar dos cuidados no manejo, não havia um protocolo estabelecido para o controle parasitário dessas aves, algo fundamental para garantir a saúde delas durante a reabilitação e após a soltura”, explica.
A pesquisa tem como foco as espécies Ara ararauna (arara-canindé) e Amazona aestiva (papagaio-verdadeiro), que estão entre as mais resgatadas no estado. Na primeira etapa, as discentes realizaram a coleta de amostras fecais das aves em cativeiro e identificaram a prevalência de helmintos (vermes parasitas) utilizando o método coproparasitológico Willis-Mollay, uma técnica de flutuação que se mostrou eficiente na detecção de ovos parasitários.
A professora orientadora, mestra Juliana Pieroni, explica que a pesquisa está no segundo ano de execução. Em seu primeiro ano, o foco foi identificar a presença de verminoses em araras e papagaios resgatados pelo Naturatins e mantidos em reabilitação no CEFAU. Segundo ela, foi constatada uma elevada carga parasitária nos animais, fator que compromete a recuperação e representa um risco à soltura segura na natureza.
Nesta segunda etapa da pesquisa, além do monitoramento contínuo da carga parasitária, estão sendo implementados protocolos de tratamento e controle dos parasitos. “Nosso objetivo é avaliar a eficácia de um princípio ativo antiparasitário, buscando reduzir significativamente a infecção e, assim, garantir mais saúde e bem-estar”, destaca a professora.
Após o tratamento, novas coletas fecais serão analisadas para avaliar a eficácia do protocolo sanitário que busca ser implementado. Além de promover o bem-estar animal, a pesquisa tem impacto direto na preservação ambiental e na saúde pública. Ao controlar infecções parasitárias antes da soltura, o projeto reduz o risco de transmissão de doenças para populações silvestres saudáveis e diminui a possibilidade de zoonoses, protegendo também animais domésticos e seres humanos.
De acordo com a aluna Ana Clara Meneghetti, o protocolo sanitário contribui para a redução do risco de contaminação cruzada com animais domésticos durante a reintrodução das aves na natureza. Ela destaca ainda que a iniciativa pode incentivar novos estudos na área. “Do ponto de vista ambiental, o protocolo aumenta a chance de sobrevivência e garante melhores condições de reintegração dessas aves ao seu habitat natural”, afirma.
O estudo, desenvolvido pelas estudantes e docente do UniCatólica, visa consolidar como legado um protocolo sanitário pioneiro no estado, que poderá ser aplicado em centros de reabilitação e conservação ambiental, além de incentivar novas pesquisas na área da medicina veterinária e conservação da fauna silvestre no Tocantins e no Brasil.
Por Ascom UniCatólica.