A Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) deu inicio a um experimento inovador com quatro variedades de feijão carioca nas várzeas tropicais do estado.
O objetivo da pesquisa é atender a demanda nacional do produto e identificar a variedade que melhor se desenvolve e é resistente a doenças foliares, como antracnose e mancha-angular.
O agrônomo responsável pelo Centro de Pesquisa Agroambiental de Várzea, em Formoso do Araguaia (CPAV), Expedito Cardoso, destaca que o feijão carioca, por ser uma leguminosa, comporta-se de maneira semelhante à soja. Isso o torna uma alternativa interessante para os produtores durante o período de vazio sanitário.
Nas várzeas tropicais do Tocantins, a soja, o milho e a melancia são as culturas predominantes, e em pequena escala é produzida a variedade do feijão-caupi, que é mais consumido no norte e nordeste do país.
Portanto, a pesquisa busca oferecer uma nova alternativa de cultivo para os produtores e suprir a demanda nacional, abastecendo o mercado com o feijão carioca.
Unitins pesquisa feijão carioca em várzea tropical
A inclusão do feijão carioca no sistema rotacional de culturas traz benefícios como o controle de pragas e a melhoria do solo. A cultura do feijão também pode contribuir, segundo o agrônomo, para a estabilidade dos estoques, uma vez que há flutuações na sua produção e escassez em certas regiões.
A abertura de novas áreas de cultivo, como as várzeas do projeto Rio Formoso e do Vale do Araguaia, contribui para a produção de proteína na mesa dos brasileiros.
No experimento em campo, estão sendo testadas quatro variedades de feijão carioca. Apesar da baixa incidência de chuvas nesse período, a pesquisa busca avaliar a resistência dessas variedades a diferentes doenças e sua produtividade nas condições das várzeas.
Em condições normais no restante do país, é possível colher até 4 toneladas por hectare, com a irrigação por pivô. Espera-se atingir essa média no sistema de sub irrigação nas áreas de várzeas.
Acredita-se que os municípios de Cristalândia, Dueré, Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão e Pium, com um total de 60 mil hectares, possam se tornar um polo de produção de feijão para o Brasil.
O ciclo das lavouras no período de seca, de maio a setembro, e a baixa umidade relativa do ar não favorecem o aparecimento de fungos que atacam o feijoeiro, ao contrário do que ocorre nos cultivos de verão.
Além disso, o sistema de irrigação também dificulta a disseminação de doenças fúngicas. A umidade chega as sementes ou as raízes das plantas devido à elevação do lençol freático, não havendo borrifamento de água sobre as folhas, como ocorre nos pivôs centrais, utilizados nos cultivos de feijão de inverno em outras regiões do país.
Outro aspecto importante é que ainda não foram constatadas nas várzeas irrigadas do Tocantins a presença de fungos de solo, como o causador do mofo branco, que é bastante comum nos cultivos de feijão de inverno no Planalto Central.
Com esse experimento, a Unitins busca oferecer uma alternativa de cultivo para os produtores, gerar disponibilidade de alimentos e melhorar a diversidade de culturas na região.
Espera-se que o feijão carioca se destaque nas várzeas tropicais, contribuindo para o abastecimento do mercado nacional e proporcionando benefícios econômicos, controle de pragas e melhoria do solo.
Por Portal Agro2