A Embrapa está realizando uma pesquisa de opinião sobre uso de plantas de cobertura pelos produtores rurais brasileiros. O objetivo é avaliar a adoção dessa prática no país, entender os critérios usados para tomada de decisão sobre sua adoção e o nível de conhecimento dos agricultores sobre seus benefícios e identificar as dificuldades em seu uso.
Essas informações ajudarão a orientar políticas públicas, novas pesquisas e ações de divulgação e transferência de tecnologia, além do desenvolvimento de práticas agrícolas que possam reduzir as dificuldades de manejo nos sistemas de produção em todo o país.
A pesquisa de opinião é uma das atividades do projeto “Redução da dependência de fertilizantes por meio do uso de leguminosas como plantas de cobertura em sistemas de integração lavoura e pecuária”. Segundo o líder do projeto, o pesquisador da Embrapa Cerrados, Marcelo Ayres, a iniciativa faz parte do Programa Fertilize for Life, em parceria com o Agricultural Research Service (ARS/USDA) e a Universidade da Flórida, com financiamento do USDA Foreign Agricultural Service (USDA/FAS). O USDA realiza pesquisa semelhante em nível nacional há mais de dez anos com os produtores rurais dos Estados Unidos, com atualizações anuais.
Estratégia de divulgação
A pesquisa é realizada por meio de formulário on-line e está sendo distribuída com o apoio das Unidades da Embrapa que atuam com plantas de cobertura e/ou no bioma Cerrado, além de empresas, associações e instituições parcerias que atuam diretamente com o setor produtivo, que estão sendo convidadas para apoiar na divulgação da pesquisa, como é o caso da Rede ILPF, Unipasto, Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Federação da Agricultura e Pecuária do estado de Mato Grosso (Famato), Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb), além de empresas privadas e grupos empresariais do agronegócio.
“Outras instituições estão sendo contatadas para nos fornecer esse apoio. Pensamos em envolver diversos atores, já que essas informações serão de grande valia para entendermos o cenário que temos no Brasil”, conta Ayres. O público-alvo são prioritariamente produtores rurais e gerentes agrícolas, que lidam diretamente com a tecnologia. Algumas questões também são apresentadas aos consultores técnicos, representantes de sistema público de assistência e extensão rural, técnicos de empresas privadas relacionadas à agropecuária e representantes de universidade e ensino.
O questionário é composto por perguntas fechadas e as questões estão divididas nos blocos identificação, caracterização da propriedade, caracterização das tecnologias utilizadas, manejo das plantas de cobertura na propriedade, visão sobre o uso e informações sobre plantas de cobertura. “Além de quantificar a área com uso dessa tecnologia pelo produtor rural brasileiro, a pesquisa vai nos indicar como o produtor percebe as vantagens do uso das plantas de cobertura e os gargalos para a sua expansão, pontos importantes para o avanço das pesquisas científicas”, explica o pesquisador.
O participante precisará de, no máximo, dez minutos para responder a pesquisa. Quem tiver interesse em participar, clique aqui para acessar o questionário.
As opiniões são confidenciais e as respostas coletadas serão utilizadas de forma agrupada, assegurando o sigilo dos respondentes.
Benefícios do uso de plantas de cobertura
É critica a necessidade de se encontrar alternativas para substituir os fertilizantes sintéticos utilizados na agricultura brasileira e que afetam a produção nacional devido as constantes variações de preços, à competição global por esses recursos limitados e a dependência nacional de importações desses insumos.
O uso de plantas de cobertura é uma prática de manejo que pode substituir ou complementar o uso de fertilizantes nitrogenados sintéticos, se a opção for por leguminosas, além de promover a ciclagem de outros elementos minerais no solo, aumentando a eficiência de uso dos fertilizantes em geral.
Essa tecnologia se insere em uma estratégia mais ampla para alcançar a sustentabilidade e resiliência dos sistemas agrícolas nacionais, uma das prioridades do Governo Federal para colaborar com a adaptação às mudanças climáticas e o controle de gases de efeito estufa, promovendo ganhos de eficiência nas cadeias produtivas agropecuárias do Brasil. Embora seu uso traga muitos benefícios para os sistemas de produção, sua adoção ainda é limitada.
Entre as plantas de cobertura mais usadas no Brasil estão as gramíneas, que podem ser utilizados para pastejo, como é caso das braquiárias, crotalária, aveia, amendoim-forrageiro e estilosantes, e as leguminosas que contribuem para a fixação de nitrogênio no solo. Elas podem ser usadas em rotação de culturas ou semeadas entre as linhas do cultivo principal.
Essas plantas atuam na proteção do solo, evitando erosão, e ainda ajudam a suprimir plantas invasoras, reduzem pragas e doenças do solo, atraem insetos polinizadores e melhoram a microbiota do solo. “Ao entendermos quais são os fatores que estimulam a adoção das plantas de cobertura por parte dos produtores rurais, bem como os entraves para a disseminação da tecnologia, poderemos orientar os programas de melhoramento genético para o desenvolvimento de cultivares que atendam essa demanda e principalmente subsidiar as ações de transferência de tecnologia, para que cheguem a um maior número de propriedades rurais no Brasil”, informa o pesquisador da Embrapa Cerrados.
Por Assessoria Embrapa.